Claudio Santos, jornalista, se viu numa situação bem difícil de decisão. Deixar seu trabalho, seu país e acompanhar sua esposa que foi transferida para Singapura, pela empresa que trabalhava, levando a filha e a incerteza do futuro.
Teve muitas dificuldades, o primeiro choque foi perceber que não poderia trabalhar fora, o segundo foi romper o padrão de que o homem tem que ser o provedor da família. Achava, antes, que a mulher abandonar o trabalho quando se tornava mãe era lindo, altruísta, e só agora percebeu que todos precisam trabalhar , inclusive, as mães. Percebeu, também, enquanto por 3 anos cuidou da casa e da filha, que para o macho do século anterior era muito confortável trabalhar fora e ao chegar em casa ser recebido como um herói, um rei.
Lá virou "dono de casa"pois não tinha visto de trabalho e sua esposa trabalhava fora o dia todo. Ele que aos 38 anos de idade nunca tinha lavado um prato ou cozinhado um ovo tinha uma casa para cuidar e uma filha para educar. Mas com o tempo, cuidar da casa e da filha foi virando uma rotina e ele foi percebendo que isto não era uma tarefa muito difícil. Difícil, mesmo, foi deixar o machismo de lado e se colocar no lugar da mulher. Segundo o autor do livro, Macho do Século XXI, "Infelizmente ainda hoje existem esses lados".
Percebeu no seu dia a dia quantos privilégios o homem que sai de casa de manhã para trabalhar e volta no fim do dia, tem e muito perplexo, percebeu que esses privilégios vem desde o começo da humanidade.
Começou a se ver como o macho do século XXI, aquele que se vê com respeito e igualdade de deveres e direitos. Não foi difícil notar como o macho do século XX se sente mais confortável, mais dono da situação, para ele manter a situação de provedor, chefe da casa e ter o poder de decisão sobre tudo é altamente compensador.
Bem diferente é o macho do século XXI que sente prazer em proporcionar chances para o outro crescer e que defende causas feministas pois percebe que levantar a voz de um grupo não , necessariamente, diminui a voz do outro. O "Iluminismo feminista"está, cada vez mais, atingindo gerações mais jovens e logo será muito natural não ter mais dois lados.
A chave de tudo é a Empatia, é muito difícil "calçar os sapatos do outro", sentir a dor do outro. Só depois que foi um pai presente é que entendeu o que é Empatia, sentir a dor de um filho pareceu tão natural. Um dos aprendizados que teve foi que se esforçou para ser uma pessoa melhor porque sabia que deveria ser um exemplo para sua filha, seu espelho e que deveria extrapolar e ser uma pessoa melhor para todos e assim tornar esse mundo melhor .
Refletiu sobre o mundo que queria deixar para sua filha. Um mundo onde ela possa andar vestida como quiser, fazer e trabalhar onde quiser, fazer as escolhas que quiser, se tornar um ser humano igual a qualquer outro ser humano.
E conclui: " É muito bom ser um macho do século XX para você mas é muito melhor, para todos, ser um macho do século XXI". Assista um recorte de 5 minutos da conversa aqui embaixo e para assistir a conversa na íntegra clique aqui.