Sonhar é um superpoder, através dos passeios oníricos (referentes aos sonhos), abrimos um canal de comunicação com nosso mundo interior: recebemos notícias sobre processos, pensamentos e emoções que não estão conscientes. Mais ainda, sonhar nos permite viver sem filtros ou limitações: romances com amores platônicos, visitas a lugares que gostaríamos de conhecer, conversas com ídolos, reencontros com pessoas que amamos (e que podem não estar mais em nossas vidas) e até voar. Aliás, esse é meu sonho recorrente favorito: voar, seja com asas, de balão ou sem nenhum adereço adicional.

Às vezes, sonhar pode ser difícil, especialmente em tempos desafiadores onde vivemos noites agitadas e aventuras oníricas tumultuadas. Bloqueamos o canal de comunicação porque não queremos entrar em contato com o que o inconsciente nos traz naquele momento. É possível que deixemos de lembrar dos sonhos durante períodos da vida, como um mecanismo de autopreservação, mas mesmo quando não lembramos, sonhamos. Para a nossa sorte, a reconexão com o (a) sonhador(a) que mora em nós é uma escolha que pode ser feita diversas vezes ao longo da vida.

Anoto meus sonhos há dois anos. Às vezes eles vem em fragmentos, borrados e desconexos. Em outras noites, são roteiros de filmes, cheios de detalhes vívidos e pulsantes. Escrevo tudo o que lembro e à medida que relato me lembro um pouco mais, faço conexões com sonhos do passado e com momentos da vida. Tem dias em que reluto em anotar, por serem sonhos que mexem comigo, são muito longos ou por “falta de tempo”. Às vezes gravo o relato do sonho no celular, mas acho menos potente do que anotar e raramente revisito o que gravei. Ainda assim, levo meus sonhos à sério e olho para eles com reverência, sei que um sonho perturbador pode não ser uma mensagem ruim, assim como um sonho bom pode ser um alerta. Tudo é perspectiva e repertório.

Além dos sonhos noturnos, nos encorajo a cultivar sonhos diurnos. Defendo o uso da imaginação para criar o que desejamos. Já pensou que tudo que foi criado um dia foi sonho de alguém? Sonhemos então.

Pense na casa que você quer ter, na viagem que quer realizar, na pessoa que quer se tornar, nas habilidades que quer desenvolver, nos objetos que quer possuir... imagine nos mínimos detalhes, faça desenhos, colagens e/ou descrições por escrito de cada sonho que mora dentro de você hoje. Além de um exercício delicioso, ao tirar o sonho da cabeça e colocá-lo no papel seu cérebro cria caminhos para alcançá-lo e vai te direcionar para mais perto desse lugar a cada decisão que você irá tomar dali para frente.

Gosto de deixar as criações artísticas em um local onde veja sempre: nas páginas iniciais do meu Bullet Journal* e/ou na tela de fundo do computador / área de trabalho, por exemplo. Compreendo a força que o sonhar tem quando olho para o apartamento em que moro, a coleção de produtos que desenvolvi, os kits LEGO que ganhei, a bicicleta que pedalo, as aulas de cerâmica que faço e tantas outras conquistas e percebo que são frutos de sonhos que já tive.

Por isso, te convido a sonhar todos os dias, dormindo ou acordado(a), e a se permitir as maiores ousadias como ser grande, brilhante, feliz e amado(a).

“Todo jardim começa com um sonho de amor.
Antes que qualquer árvore seja plantada
ou qualquer lago seja construído,
é preciso que as árvores e os lagos
tenham nascido dentro da alma.

Quem não tem jardins por dentro,
não planta jardins por fora
e nem passeia por eles...”

Rubem Alves

*método de organização criado por Ryder Carroll que facilitou a realização de projetos meus nos últimos quatro anos. Gosto tanto que ensino outras pessoas a utilizarem a metodologia.

*Imagem da capa: Andriyko Podilnyk via Unsplash