A educação inclusiva se trata de um direito humano, de uma condição básica para se viver em sociedade, a pandemia veio agravando ainda mais algumas barreiras entre elas: o acesso à comunicação, seja pela falta de instrumentos, seja pela língua de comunicação, pensar em uma educação de fato inclusiva se trata de um convite histórico para pensar em políticas públicas já estabelecidas e políticas ainda faltantes para promoção de equidade social, parte-se do objetivo de nº 4 da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas que estabelece:
“Garantir uma educação inclusiva, equitativa e de qualidade e promover oportunidades de aprendizagem durante toda a vida para todos”.
Perante este objetivo foi construído uma proposta de material inclusivo que vai ao encontro de uma educação de fato inclusiva que seja de todos e para todos, sem deixar ninguém às margens da educação e sim um caminho que todos possam andar juntos.
Seria necessário melhoras nas intenções e nos processos de construção de culturas, políticas e práticas inclusivas, visando uma rede de apoio para este aluno que está sendo incluído, pois esta educação inclusiva ofertada, aqui fazendo um recorte a educação de surdos por exemplo, a educação bilíngue existente na escola regular e a que acontece nas escolas de surdos muitas vezes não vai ao encontro dos verdadeiros anseios deste aluno e assim ocorre também com outros alunos com outras necessidades especificas.
Apesar de já se ter uma consciência que existe inúmeras maneiras de ensinar, há uma tendência de produzir sujeitos em série, já que educação e a pedagogia nem sempre são pensadas para categorias de sujeitos da diversidade (Thoma 2016). Isto se reflete fortemente na retenção e evasão dos sujeitos surdos do sistema regular de ensino e, adicionalmente, da pouca participação ou interesse pelo desafio linguístico que nem sempre as estratégias utilizadas são eficazes para promover a acessibilidade.
O objetivo educacional é formar sujeitos economicamente ativos na sociedade e capazes de autogovernar-se. Percebe-se no contato direto com os sujeitos surdos que a educação inclusiva na forma como é praticada hoje, muitas vezes, apresenta aos sujeitos surdos uma aprendizagem com limitações educacionais e de conhecimento, sendo um obstáculo para a formação de sujeitos economicamente ativos e capazes de autogoverno, pois muitos evadem do ambiente escolar, em grande parte porque as metodologias de ensino não atendem suas necessidades.
Mas então qual seria uma alternativa viável para uma escola ser mais inclusiva?
Um primeiro passo seria repensar as políticas publicas já existentes e visar compreender as mesmas, entendendo os processos de inclusão e levando em conta a diversidade que somos, pois, cada aluno tem seu jeito próprio para aprender e se constituir não se pode engessar em uma única forma ou em um único processo cultural.
Conhecer as necessidades de cada aluno é extremante importante, pois é ele que vai ressaltar a forma que ela vai conseguir se emancipar neste processo. O processo de ensino – aprendizagem de um aluno com necessidade especifica se constrói junto com o mesmo e com todo o corpo escolar, assim uma escola de fato se constitui mais inclusiva e empática.
Referências
THOMA, Adriana. Educação Bilíngue nas Políticas Públicas Educacionais e Linguísticas para Surdos: discursos e estratégias de governamento. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 41, n. 3, p. 755-775, jul./set. 2016.
VEIGA-NETO, Alfredo. Michel Foucault e os Estudos Culturais. In: COSTA, Marisa Vorraber (org.). Estudos culturais em educação: mídia, arquitetura, brinquedo, biologia, literatura, cinema. 2ª. Ed. Porto Alegre: Ed. Universidade, 2004. VEIGA-NETO, Alfredo. Coisas de governo... In: RAGO, Margareth; ORLANDI, Luiz B. Lacerda.
VEIGA-NETO, Alfredo (Org.). Imagens de Foucault e Deleuze: ressonâncias nietzschianas. Rio de Janeiro: DP&A, 2005. VYGOTSKY, L. S. Pensamento e Linguagem. 4 ed. São Paulo: Martins Fontes, 2008.
*Imagem da capa: alunas da EE Henrique Dumont Villares 2019