Durante minha trajetória como gerente de pessoas em uma empresa, vivi uma experiência que me ajudou a entender um pouco sobre a realidade das mulheres e sobre o que não fazer nesse mês, como forma de "homenageá-las".
Com o mês da mulher se aproximando, fui perguntado pelo meu diretor e algumas colegas, se eu precisava de ajuda para planejar algo para o dia das mulheres. Eu estava sem ideias e me pus a pensar. Eu já havia superado o nível de consciência que achava que flores ou chocolates eram alternativas para presenteá-las, mas ainda não tinha alcançado um estágio capaz de pensar em algo que realmente fizesse sentido para a data.
Levei alguns dias para chegar a uma ideia diferente e inovadora: chamei uma facilitadora de constelação sistêmica para fazer uma vivência com as mulheres da empresa. Lembro que compartilhei a ideia com colegas mulheres para saber a opinião delas. Algumas gostaram, outras ficaram em dúvida por não saber direito o que esperar do encontro, mas nenhuma das mulheres, na hora, se posicionou contra.
Para melhorar, me dediquei a escrever um email para contar sobre o "presente" e que também servisse como forma de demonstrar a admiração e respeito pelas mulheres. Não demorou muito para receber respostas, tanto de homens quanto de mulheres, agradecendo pela mensagem e parabenizando pela criatividade. Lembro que uma das mulheres inclusive me respondeu assim: me sinto representada pela consciência com a qual foi escrito o email. Eu li essa mensagem assim: GOLAÇO! Mas…
Logo em breve, uma colega respondeu lembrando que o dia das mulheres nasceu por conta de morte, desrespeito e desigualdade com elas e sentia falta da participação dos homens da empresa no encontro com a facilitadora. Foi o VAR anulando meu golaço… e com razão.
Foi então que percebi que o melhor que nós, homens, podemos fazer pelas mulheres, seja no mês delas, seja nos outros 11 meses do ano, é ouví-las, estudar, aprender e nos juntarmos a causa feminista. Essa igualdade pode ser conquistada muito mais facilmente se decidirmos remar juntos ao invés de só olhar, aplaudir e incentivar. É claro que isso exigirá de nós revermos nossa masculinidade e isso, não é fácil. Mas é importante. Como digo em alguns trabalhos que faço: há de chegar o momento em que os homens perceberão que suas vidas também seriam melhores sem o patriarcado.
Então, se você é homem e está aí pensando no que fazer para esse mês das mulheres em sua empresa, antes de comprar chocolates, flores ou oferecer massagem, pense em algo que ajude a equilibrar essa balança. E não somente este mês. Pense em coisas que coloque os homens como co-responsáveis pelo futuro que queremos nessa relação entre gêneros.
*Ilustração da capa via freepik.