Dia nacional de combate ao racismo e os termos que devem ser riscados do vocabulário

Dia 18 de novembro é o Dia Nacional de Combate ao Racismo. A data é uma oportunidade para refletir sobre o quanto o preconceito racial ainda persiste em nossa sociedade e o quanto ele impacta na vida de milhares de pessoas. Essa conscientização é fundamental para promover mudanças e lembrar que todo dia é dia de combater o racismo e ser antirracista.

O racismo está enraizado na história do Brasil e tanto a população negra quanto os povos indígenas têm histórias deliberadas por marginalização, escravidão, discriminação e injustiça e isso tudo ainda se manifesta de diversas maneiras no dia a dia, como o preconceito, estereótipos e a exclusão com base na raça ou etnia, acesso à saúde, ao mercado de trabalho e a condições de uma vida digna. Além das formas explícitas, algumas vezes o racismo aparece de maneira sutil e estrutural, por isso entender que existe racismo no Brasil não é suficiente, é necessário agir! A luta contra o racismo não pode se restringir em ações pontuais, mas sim com atitudes contínuas no que diz respeito ao combate às desigualdades e injustiças que acontecem todos os dias. 

Existem muitas formas de se praticar atitudes antirracistas, começando pela consciência do lugar que você ocupa neste tema. Além disso, moldar o vocabulário também é uma forma de combater o preconceito racial.

Por isso, listamos abaixo alguns termos que devemos riscar do vocabulário:

A coisa tá preta:  Essa expressão é a verdadeira síntese de um conjunto de expressões de caráter racista que associam a pessoa negra a coisas ruins, com o sentido de referir-se a uma situação extremamente negativa, complicada ou a um problema de difícil solução.

Cabelo ruim: Consiste em desprezar as características físicas das pessoas negras, associando-as a coisas ruins ou de qualidade inferior. O uso dessas palavras e suas variantes “cabelo duro”, “cabelo bombril” é forma contundente de racismo, e deve, portanto, ser abandonada.

Serviço de preto: Possui dupla conotação. Em primeiro plano, pode significar trabalho feito de forma inadequada, incompleto, de baixa qualidade, o que embute a ideia de que apenas pessoas brancas podem realizar trabalho de qualidade e adequado. Sob outra perspectiva, pode significar trabalho pesado, trabalho braçal, aquele que não exige muito do intelecto. Ideia igualmente preconceituosa por externalizar o pensamento de que pessoas negras somente são capazes de exercer funções que necessitam da força física. 

Denegrir: A expressão vem de um viés preconceituoso com a ideia de tornar algo negro é negativo e reforça a ideia de relacionar pessoas negras a coisas ruins. Substitua por “difamar” ou “caluniar”.

Índio: Aprendemos a chamar os primeiros habitantes de Pindorama de “Índios”, palavra inventada pelos colonizadores para reduzi-los a pessoas selvagens, não desenvolvidas, congeladas no passado, sem cultura, entre outros.  Além disso, resume toda a diversidade dos povos originários. O termo correto é “indígena” , que significa originário – aquele que está ali antes dos outros. 

Tribo: Outro termo inventado pelos colonizadores com estereótipos que remetem a ideia de uma população primitiva e sem capacidade. Utilize o termo “povo”, “aldeia” ou “comunidade”.

Você não parece índio: Fala carregada de estereótipos e fenótipos e coloca a pessoa indígena como se ela só pudesse ser indígena se tivesse pele avermelhada, cabelo liso e olho puxado. A identidade indígena não é definida apenas pela ascendência, mas também pela conexão cultural, social e espiritual, não há só um rosto ou modo de ser indígena. Não deslegitime a história de ninguém.

Muito cacique para pouco índio: Expressão que está relacionada com o incômodo que as sociedades não indígenas sentem com a forma de organização dos povos originários.

Quem fala “Mim” é Índio: Frases como “Mim fazer”, “Mim não comer” fizeram parte de produções, desenhos animados e ainda hoje são usadas como estereótipos de que a população indígena não consegue utilizar as normas gramaticais da língua portuguesa. 

Sentar com perna de índio: Essa frase é comumente usada nas escolas e carrega o pensamento do indígena como primitivo ou não desenvolvido.

Estamos sempre aprendendo por aqui. Se você gostou desse artigo leia também: “Lista viva de palavras pejorativas que deveriam cair em desuso”.

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