Sendo fã incondicional da Brené Brown, seria difícil não ter amado o especial dela no Netflix chamdo The Call to Courage. Mas, coração de lado, aqui vai uma reflexão sincera porque achei imperdível.
Brené encanta na simplicidade da fala e na conexão que cria com todos. Nos lembra a todo tempo quão humanos somos – e que bom que somos! No documentário The Call to Courage, o foco está na coragem de ser vulnerável e o desafio de dar esse passo.
O exercício de todos os dias escolher estar disposto a tentar, mesmo que haja a chance de perder o controle ou de se magoar. É o que define a coragem de se colocar vulnerável e arriscar tudo para viver intensamente.
Essa postura diante da vida nos permite escolher como enfrentamos os desafios e qual o colorido damos nos nossos dias.
Nos últimos meses, tenho pensado sobre o que define a felicidade e me pareceu justo aceitar que ser feliz contempla muitos momentos de estar feliz e muitos outros de não estar. Porque o medo de perder a felicidade nos priva de vivê-la. Isso me faz lembrar da cena no filme do “Auto da Compadecida” (no livro é diferente). Durante o julgamento, o padeiro e sua mulher estão na frente da igreja esperando o cangaceiro atirar e acontece esse diálogo:
Padeiro: A gente sempre pensa que vai poder esticar a vida mais um bucadinho…
Mulher do Padeiro: Por mais que eu goste de viver, eu sempre me perguntei se eu queria que a minha vida se espichasse além da sua. Agora eu sei, eu não ia aguentar ver você morrer. Eu quero morrer primeiro, Eurico.
Padeiro: Dora, por que você me traiu esse tempo todo?
Mulher do Padeiro: Acho que foi por isso mesmo. Trair você era matar você um pouquinho dentro do meu coração. Eu tinha tanto medo de lhe perder de vez, que eu ia tentando lhe perder aos pouquinhos.
Tudo isso porque somos seres que precisam – biologicamente – de conexão, de pertencer. Não é possível fazer essa travessia sozinhos.
Estar vulnerável significa assumir que estamos entrando em uma campo aberto sem armadura para enfrentar o que possa aparecer – inimigos e surpresas. É navegar em direção a ilha sabendo que temos que administrar os imprevistos da viagem. Jamais vamos controlar a jornada mas somos corajosos o suficiente para atravessar qualquer obstáculo para chegar ao final da travessia.
“Ser vulnerável é difícil, assustador e até mesmo perigoso. Mas muito mais difícil, assustador e perigoso é chegar ao fim da vida e ter que se perguntar: E se eu tivesse me arriscado? E se eu tivesse dito que amava? E se eu tivesse caído na água? Se arrisque. Se exponha. Atenda o chamado da coragem.” – Brené Brown.