Bob era um desses sapos que virou príncipe. Ou príncipe que virou sapo. Ninguém sabe ao certo o que veio primeiro. Tem dias que é gentil, educado e atencioso. Elogios, agrados, bilhetes, sms, whatsapp. Tem outros que fala palavrão, arrota e dá um jeito de pegar o melhor lugar da fila. Abre a geladeira na casa da mãe da Celma, se apodera do controle remoto, futebol e cerveja com os amigos.
Ele bem que tenta convencer Celma de que é o príncipe dos sonhos dela. Traz flores, repara no vestido, elogia o cabelo. Chega até a abrir a porta do carro para ela.
O que ele não sabe, é que Celma já percebeu que todo príncipe tem um pouco de sapo e todo sapo tem um pouco de príncipe também.
Celma era um princesa que virou bruxa. Ou bruxa que é no fundo uma princesa. Difícil dizer. Carinhosa e cheia de mimos, é bilhetinho de um lado, o prato preferido de outro, mesa redonda de fim de semana. Nem parece a mesma quando resolve implicar com os amigos, o churrasco e a cerveja. Ou quando quer que acompanhe no shopping, lembre do dia do primeiro beijo e perceba que perdeu uns quilinhos.
Bem que ela tenta acompanhar a tabela dos jogos, ouvir as mesmas músicas, não falar mal das namoradas dos amigos, muito menos da mãe.
O que ela não sabe é que Bob já percebeu que toda princesa tem sua parcela de bruxa e que, invariavelmente, toda bruxa tem seu lado princesa.
Príncipe ou sapo, bruxa ou princesa. Não importa. Porque, no fundo, a verdade é que a Aurora ronca, o Eric mal sabe nadar, a Rapunzel já teve piolho, o Naveen é um preguiçoso, a Cinderela tem chulé e, viver feliz para sempre, pode significar sobreviver todos os dias vendo mais realeza que brejo por aí.