Diversidade geracional: empatia entre as gerações da época atual

Cada vez mais convivemos com pessoas de diferentes gerações. Quando falamos de gerações, não estamos falando (apenas) de uma classificação por faixa etária, e sim, de anseios de pessoas que buscam mudanças para a sociedade, de acordo com necessidades do contexto social em que nasceram e do momento atual que vivem. O mundo que vivemos hoje não é mais o mesmo que nossos pais viveram, nem mesmo o mundo que as crianças que estão nascendo agora viverão, mas neste momento presente, todos convivem juntos, e com isso, infinitas oportunidades de trocas, empatia e aprendizados surgem, cabe a nós explorarmos essa troca geracional, da melhor forma possível, com muito respeito, entendendo o contexto histórico de cada geração, que reflete em caraterísticas muito significantes.

A geração dos Baby Boomers, por exemplo, dos nascidos entre 1940 e 1960, surgiu num momento pós-segunda guerra, nasceram cheios de esperança e com um desejo de reconstrução de um cenário global. Essa geração foi movida a realmente fazer, construir, com uma visão otimista e um espírito coletivo, construíram patrimônios, garantindo um futuro próspero e seguro para suas famílias e seus filhos. A expressão ‘Baby Boomers’ pode ser livremente traduzida como ‘explosão dos bebês’, e isso se deu muito por conta do ‘crescimento desenfreado’ pós-segunda guerra, o qual causou um verdadeiro ‘boom’ demográfico na população do planeta. Uma espécie de ação compensatória pelas vidas perdidas em batalhas e pela preservação da espécie, que acabaram resultando no aumento da taxa de natalidade durante esse período.

Essa geração, também ficou conhecida como a geração da TV, pois o período de seus nascimentos coincidiu com o período de invenção da televisão, muitos deles, conseguem lembrar até hoje a emoção que foi ver uma televisão pela primeira vez, ou até mesmo, a chegada da televisão em suas casas, a transição da TV em preto e branco para a TV em cores, dentre outras lembranças inesquecíveis, foi um momento histórico na vida de muitos deles e de muita alegria, pois passaram a se sentir conectados com o mundo em tempo real.

E com isso, há de se imaginar para essa geração o que foi a chegada do computador, da internet, do celular, enfim… a chegada do mundo virtual na palma das suas mãos. Quantas histórias para contar! A televisão, sem dúvidas, teve um papel importante em toda essa geração. A televisão que foi a ferramenta que serviu como meio de propagação de ideias e tendências naquele momento. A mensagem que essa geração recebeu através da televisão, mobilizou aquela juventude a lutar por seus direitos. Foi nesse período que aconteceram eventos marcantes no mundo inteiro. O surgimento do movimento hippie, a segunda onda do feminismo, a luta pelos direitos dos negros e o combate a regimes totalitários eram algumas das temáticas da época e que permanecem ativas até hoje.

A geração seguinte, geração X, dos nascidos entre os anos 60 e 80, já surge com outras preocupações. Eles viram seus pais dedicarem a vida inteira a uma única empresa, muitas vezes abrindo mão de ofertas melhores por conta de uma fidelidade nem sempre reconhecida, e por conta disso, não herdaram o mesmo otimismo de seus pais em relação às novas oportunidades sociais e políticas. Boa parte deles é composta por idealistas, que sonham em empreender ou mudar de profissão para alcançar a plena realização. É muito comum perceber que muitos deles se transformaram em verdadeiros ‘workaholics’, ou seja, pessoas viciadas em trabalhar e produzir o tempo todo, atribuindo todo o mérito do seu sucesso ao seu próprio esforço, trabalho e dedicação. Apesar de no fundo, muitos deles ainda apresentarem características semelhantes à dos Baby Boomers, como por exemplo, a busca pela estabilidade na carreira, a disciplina e o respeito pela hierarquia, eles também reforçam a ideia de liberdade de serem e curtirem o que quiserem ser. Sua capacidade de aprender e lidar com a tecnologia é superior à dos Baby Boomers, mas ainda está longe dos millennials e, principalmente, dos nativos digitais.

É uma geração que nasceu em uma época em que muitos jovens de hoje gostariam de ter vivido, muitos viram os Beatles se formar, e curtiram muito essa fase através de suas televisões, vitrolas e discos vinis, outros, vivenciaram ativamente os famosos anos 80, riquíssimos em referências artísticas e musicais que são fortes influências até hoje, também pela televisão, vitrola, vinil e ainda mais o adendo de fitas e aparelhos cassete. Além disso, é uma geração que acompanhou grandes invenções tecnológias, como a chegada do homem à Lua, e é interessante notar como, com as devidas proporções, a tecnologia esteve sempre presente em todas as gerações; nesta em especial, podemos destacar que acompanharam de perto a chegada dos primeiros computadores pessoais, os disquetes, os primeiros celulares, impressoras, fax, dentre outros.

Da geração dos Baby Boomers, para a geração X, sentimos algumas mudanças, porém, não tão intensas quanto as mudanças que começaram a surgir da geração X para a geração Y.

A geração Y, em contrapartida, são os chamados ‘millenials’, nascidos aproximadamente entre 1980 e 1995. Essa, sem dúvidas, será a última geração que poderá dizer que conheceu o mundo antes da internet. Eles nasceram junto com a informática e a globalização das informações que transformaram o mundo. As pessoas dessa geração viram a internet nascer, viram as distâncias se encurtar através da velocidade das informações que passaram a circular rapidamente em questão de segundos. Eles são muito mais flexíveis às mudanças do que as gerações anteriores e mais que isso, eles são sedentos por inovação e pelos desafios das transformações. Para eles, já não importa tanto a estabilidade e sim a paixão, a ousadia, a experiência. São questionadores. Por terem crescido junto com a globalização, eles desenvolveram uma visão global e não querem mais o mundo que os pais e avós deixaram para eles. Eles priorizam a sustentabilidade porque se preocupam com o futuro do planeta, defendem o consumo consciente e gostam de se engajar em causas sociais. Como estão constantemente conectados, constroem e participam ativamente de redes sociais onde compartilham fortemente seus pontos de vista, valores e ideais. Eles possuem uma forte opinião sobre tudo. São influenciadores. A identidade deles não se limita mais ao lugar onde vivem e o que tem a dizer, vai muito além do que as suas famílias e o seu círculo de amigos — a internet transformou os millennials em cidadãos globais, onde eles fazem questão de expor com clareza o que pensam e exigem serem escutados com respeito. São imediatistas. Viram o mundo acelerar, e querem ter o que desejam o mais rápido possível — seja o sucesso na carreira, seja uma mensagem no celular. Com isso, também aumentam os níveis de medo e ansiedade dessa geração, que enfrenta sérios problemas psicológicos desde pequenos. A tecnologia e os dispositivos móveis que tiveram acesso desde pequenos, permitiu a eles uma rapidez na comunicação que nenhuma outra geração presenciou, eles aprenderam a compartilhar experiências, comparar, aconselhar, criar e divulgar conteúdos de forma muito veloz. Aprenderam a ter voz, principalmente no mundo virtual e por incrível que pareça, a geração Y dos ‘milleniuns’ já está envelhecendo.

A Geração Z (ou apenas GenZ), dos nascidos aproximadamente entre 1995 e 2010, já nasceu em um mundo totalmente conectado e cresceu com o celular de seus pais nas mãos. São verdadeiros nativos digitais. Tudo o que as gerações anteriores vivenciaram de adaptação às tecnologias e as novas maneiras de se conectar e comunicar, para eles, é normal, eles não enxergam nenhuma divisão entre online e offline, já que estão conectados a todo momento, em todo lugar. Eles nem conseguem entender muito bem essa sensação que temos de que de repente tudo se tornou virtual, pois pra eles, sempre foi assim, não imaginam o mundo de outra forma. Para a GenZ, não há tempo a perder. Eles são extremamente ágeis, multitarefas e capazes de absorver uma grande quantidade de informações.

Como citado anteriormente, uma forte característica da Geração Y são suas preocupações com as questões ambientais e sociais, em contrapartida, a Geração Z, mais do que se preocupar, transforma a preocupação em ativismo. Muitos estão ligados a causas como identidade de gênero, por exemplo. Eles manifestam livremente suas opiniões e deixam claro que se importam com as minorias, apoiam movimentos contra homofobia, racismo, machismo, xenofobia, entre outros. Apesar de muitos ainda nem terem entrado no mercado de trabalho, há características dos nativos virtuais bastante marcantes e que devem provocar mudanças no universo profissional. Embora sejam mais imediatistas e exigentes que os millennials, eles também são muito mais proativos.

Desta forma, para eles é muito natural conquistar seguidores que compartilham dos mesmos pensamentos, criar redes de ativismo e ainda mobilizar movimentos que saem das telas e ocupam as ruas. Desenvolvem um forte senso crítico, que se torna uma característica marcante desta geração. Procuram respostas urgentes para melhorar a situação do país, do planeta, sem fugir da sua responsabilidade. E ainda assim, a insegurança com o futuro é uma marca dessa geração, uma grande causa pela qual lutam e defendem com o poder que têm em suas mãos. Muitos dessa geração já se tornaram veganos, não somente por conta da proteção aos animais, mas também, por possuírem um pensamento mais esclarecido em relação à sustentabilidade e à economia circular. Eles são ainda mais pragmáticos e realistas que a geração anterior, principalmente no que diz respeito ao consumo e à preservação dos recursos naturais do planeta. São supercriteriosos em relação ao poder da internet e das redes sociais. Vale destacar também que essa geração tem uma identidade bastante fluida, eles são o que quiserem ser, naquele momento, naquele contexto. Eles são ainda mais plurais e dinâmicos que a Geração Y e, por isso, diversidade e inclusão são conceitos intrínsecos à sua identidade e à sua concepção de sociedade. Mais do que nunca, sustentabilidade e responsabilidade social são pautas fortes e inegociáveis para as pessoas dessa geração e sem dúvidas, cada vez mais irão exigir posicionamentos de marcas e empresas, e no que depender deles, as respostas que tiverem (ou que não tiverem) serão fatores decisivos para o consumo consciente.

E se avançarmos ainda mais no estudo das gerações, já existe entre nós também, as crianças da Geração Alpha, nascidas a partir de 2010, que podem impressionar ainda mais com a intimidade que possuem em relação à tecnologia e em relação às preocupações com o futuro do planeta e por que não dizer, o futuro da humanidade. A Geração Alpha se relaciona com ainda mais naturalidade tanto com o celular, quanto com a internet. Por mais incrível que pareça, muitos deles, já aprenderam a usar o Google, antes mesmo de aprenderem a ler ou escrever. São muito espertos, conectados e destemidos, exploram os recursos. Através do recurso de voz, por exemplo, conseguem informações de tudo o que buscam em aparelhos celulares, mandam áudios, não possuem nem a paciência de esperar o pai ou a mãe digitar algo, eles saem falando e se comunicando com uma agilidade realmente impressionante.

A tecnologia se torna ainda mais integrada à sua vida, até mesmo ao seu próprio corpo.

E o que vai marcar essa geração é a sua relação com a inteligência artificial. Alguns estudiosos afirmam que a Geração Alpha será protagonista do início de uma relação afetiva entre seres humanos e máquinas. Essas crianças recebem tantos estímulos, desde tão cedo, que provavelmente estarão mais preparadas para as transformações que estão por vir, ou que elas mesmas vão provocar.

Essa sensação de que de repente tudo se tornou virtual, será sentida apenas pelas pessoas das gerações Baby Boomers, X e Y, as demais, só saberão que essa sensação existiu através de histórias que serão contadas por seus pais e/ou avós e/ou alguns registros digitais ou até mesmo, quem sabe, por este artigo, que pode refletir um momento que essas gerações interagiram juntas, com diferentes pontos de vista em relação à tecnologia, para sobreviverem no momento presente de grandes mudanças e transformações.

Referências

ROCK CONTENT, Dossiê das gerações: o que são as gerações Millennials, GenZ,

Alpha e como sua marca pode alcançá-las.

SEGMENTO PESQUISA. As gerações e suas características.

VOCÊ S/A. Diversidade geracional pode aumentar a inovação e desempenho nas empresas.

*Imagem da capa: Andy Kelly via Unsplash.

Se quiser saber mais sobre nossos projetos ou se tiver interesse em contribuir de alguma forma com conteúdo alinhado ao nosso propósito ou ideias, envie-nos uma mensagem que entraremos em contato com você o mais rápido possível!.