Documentário Crip Camp – Revolução pela Inclusão

Crip Camp: Revolução pela Inclusão, é um documentário da Netflix que mostra a vida de algumas pessoas que foram fundamentais na criação da lei que garante os direitos das pessoas com deficiência nos Estados Unidos. Mas antes de acompanharmos os personagens participando de protestos e marchas, conheceremos todos em um acampamento de férias, ainda jovens, em um verão na década de 60.

A história começa em preto e branco, nos gramados de um acampamento no estado de Nova York, chamado Camp Jened. O foco do acampamento, desde de sua abertura em 1951, era o mesmo de qualquer acampamento de férias, com a diferença que o intuito era reunir jovens com diversas deficiências físicas e motoras. Os monitores do acampamento eram também jovens, muitos ainda inexperientes no trabalho junto a pessoas com deficiência (PCD), mas isso não impedia que todos ali conseguissem interagir e se divertir.

Acampamento era símbolo da inclusão, uma utopia.

Uma das pessoas retratadas é o James LeBrecht, que tinha 15 anos no verão que passou no acampamento e um sexagenário quando o conhecemos no filme. Ele nasceu com uma deformação na coluna vertebral, o que o impediu de usar as pernas desde o nascimento. Mas isso nunca o impossibilitou de fazer qualquer coisa. Cresceu uma criança ativa, brincalhona, incentivada pelos pais, mas foi no Camp Jened que, pela primeira vez, entendeu o verdadeiro sentido da palavra inclusão.

Em suas casas esses jovens eram vistos como diferentes e “fora do normal” e quando estavam juntos no acampamento eram apenas jovens, longe de suas família, vivendo aventuras e muitas vezes, descobrindo seu próprio corpo, sempre rodeados de amigos. ”Era uma utopia, quando estávamos lá não existia um mundo fora de lá”, relata uma das jovens.

Em 1972, passado alguns verões, os adolescentes eram agora jovens adultos e em uma noite tudo mudou. Na televisão, um programa jornalístico retratou, pela primeira vez, o hospital Willowbrook, um de muitos centros que existiam pelo mundo que abrigavam pessoas de todas idades que possuíam deficiências intelectuais. As imagens eram chocantes, o maltrato e o isolamento vistos em rede nacional causaram uma revolta na população, principalmente em alguns membros do Camp Jened, que então decidiram se engajar na causa de direitos para PCD.

Judith Heumann foi uma assídua visitante do Jened, foi todos os verões dos 9 aos 18 anos, quando a matéria sobre o Willowbrook foi ao ar ela, que já era ativista pelos direitos das PCD, se perguntou: “Por que somos excluídos? O que precisamos fazer?”. E então mobilizou algumas pessoas, aproximadamente 50 pessoas, e realizou o primeiro protesto em prol dos direitos das pessoas com deficiências, motoras, físicas e intelectuais. O mundo estava em fase de mudança, a luta pelos direitos civis de grupos minorizados estava acontecendo e já mostrava alguns resultados, no filme vemos o apoio dos Panteras Negras ao protesto liderado pela Judith.

Na foto os diretores Nicole Newnham e James Lebrecht

O filme é imperdível! Dirigido por Nicole Newnham e James Lebrecht, vencedor do prêmio do público no Festival de Sundance 2020 e criado pela Higher Grounds Production, empresa da Michelle e do Barack Obama. Mas, mais do que tudo isso, o filme é uma experiência empática incrível. Com um amplo acervo de imagens, você pode acompanhar tudo de perto, junto aos personagens, lutar pela aceitação, inclusão e por uma mudança sistêmica. O filme mostra com muita força e propriedade pessoas que nasceram em um mundo onde eles, e seus semelhantes, foram por muito tempo, marginalizados e isolados.

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