Maid – conheça a série sobre violência doméstica

Muita gente já falou sobre a série Maid (Netflix), mas venci a resistência em assistir mais conteúdo sobre violência doméstica e não me arrependi. Tentando não adiantar o que acontece em cada episódio, vou trazer alguns pontos que achei interessantes e permitem uma boa reflexão:

1. Violência psicológica também é violência – a série mostra como a personagem não se enxerga como vítima, porque nunca foi agredida fisicamente. Quem assiste percebe toda a violência das atitudes do marido e como isso prejudica a saúde da mulher, e da filha, mas ela demora a se dar conta e se reconhecer como vítima;

2. A violência doméstica desestabiliza a vítima – sofrendo violência física ou psicológica a mulher muitas vezes passa a fazer uso de álcool ou drogas ou negligencia os cuidados com os filhos, desenvolvendo doenças, inclusive depressão. Em alguns casos, acaba perdendo a guarda dos filhos ou tendo que responder a processos movidos pelo ex-companheiro, em mais uma forma de violência;

3. A violência doméstica ultrapassa as gerações – na série observamos algo bastante comum quando se está diante de violência doméstica. Meninas que presenciaram a mãe sendo agredida, terão maior possibilidade de serem agredidas pelos maridos e companheiros. Da mesma forma, meninos que presenciaram agressões contra a mãe, têm maior tendência a se tornarem agressores de mulheres quando adultos;

4. O agressor é um homem comum – o cara legal, simpático e cheio de amigos deixa todos na dúvida de que ele pode ser um agressor. O mito de que o autor de violência doméstica é um psicopata, um homem desajustado, atrapalha as mulheres e quem com elas convivem a admitir a violência doméstica;

5. O abuso de drogas ou álcool – o abuso de álcool e drogas não é a causa da violência. Ela já está presente, ainda que de forma latente e essas substâncias funcionam como um gatilho, aquilo que desencadeia o episódio;

6. Controle financeiro – na série se percebe bem como o parceiro tenta manter o controle financeiro da esposa, não permitindo a ela nenhuma autonomia. Isto dificulta muito pra mulher, sair do relacionamento;

7. O pacto do patriarcado – em ao menos duas oportunidades vemos a mulher pedindo ajuda ao próprio pai. E nas duas vezes ele se nega a ajudá-la, se colocando ao lado do marido, dando a ele o apoio e suporte que não dá para a filha e a neta. Este é o pacto que faz com que homens se ajudem, testemunhem um ao favor do outro, se protejam, faz também com que juízes, promotores e advogados, além de outras autoridades, silenciem e hostilizem as vítimas, preservando-se e perpetuando a violência de gênero.

Se você ainda não viu, veja. E note como a rede de apoio de família e amigos é importante para tirar uma mulher e seus filhos de um relacionamento violento e abusivo. Por isso, da próxima vez, não julgue, acolha!

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