Olá, leitores de Carlotas!
O mês de agosto foi um momento de retorno das atividades escolares após o recesso e nosso time do Explore Carlotas participou de muitos encontros e conversas potentes como essa que irei relatar.
A palavra conflito, na maioria das vezes, nos lembra dor, tristeza, raiva ou briga. É comum sentirmos um certo desconforto só de pensar sobre o assunto, e quando estamos envolvidas(os), ele pode nos remeter às seguintes questões:
De que forma irei resolvê-lo?
Será que terei que encontrar essa pessoa novamente?
Entretanto, o conflito é algo natural e comum nas nossas relações. Se partirmos do princípio que somos a diversidade do outro, teremos opiniões, vontades, modos diferentes de ver o mundo e, portanto, não há como simplesmente deixar de conviver com ele. Afinal, somos seres relacionais! O ponto principal é a maneira como o conflito se coloca na nossa vida e o significado que damos a ele.
Esse foi o início de uma profunda conversa com os comitês de mediação de conflitos das escolas públicas pertencentes à rede da DRE de Santo Amaro (São Paulo). Dialogamos sobre o significado pessoal que cada mediador(a) atribui ao conceito de conflito e como eles percebem os principais geradores de conflito no ambiente escolar. Além disso, abordamos ferramentas poderosas que podem facilitar a mediação, como a elaboração de boas perguntas, por exemplo. A forma como perguntamos na hora de mediar é fundamental para que as pessoas envolvidas no conflito tragam seus sentimentos e necessidades que estão relacionados com o fato ocorrido, gerando uma compreensão maior para elas.
Fazer perguntas abertas geram reflexões. Pensando nisso, seguem alguns exemplos de perguntas que possam apoiar vocês na construção de diálogos de mediação em qualquer contexto.
>> O que você sentiu ou qual foi o impacto que essa situação teve na sua vida?
>> O que você aprendeu com essa situação, que pode te ajudar em situações parecidas daqui pra frente?
>> De que forma cada um pode contribuir para seguirmos em frente de um jeito respeitoso?
Mediar é um processo criativo e que demanda tempo, escuta e muito diálogo. Carlotas, juntamente com os(as) mediadores(as) escolares, refletiram sobre alguns pontos importantes nessa prática e a forma como cada escola pode utilizá-la nas várias demandas. Sabemos que cada escola é única e, portanto, utilizará de acordo com suas necessidades. Porém, há algo que podemos juntas e juntos mudar, ou seja, olhar para o conflito como uma forma de aprendizado. Nosso objetivo aqui é repensar a prática de castigar e punir. É certo que se isso fosse eficaz, não estaríamos vivendo momentos tão desafiadores.Temos um longo caminho pela frente, mas o primeiro passo foi dado.
Outro momento que merece destaque neste mês diz respeito ao início de um ciclo de conversas com adolescentes do Ensino Fundamental II (6º a 9º ano) de algumas escolas parceiras. Nosso objetivo é, juntamente com cada turma, escolher um tema para iniciarmos um diálogo reflexivo com eles (as) e com a escola. O racismo, o capacitismo e a saúde emocional são exemplos de alguns dos assuntos que fizeram parte desse primeiro diálogo. Seguiremos com mais 03 encontros por turma para que no final, produzindo conhecimento e gerando reflexões, cada participante seja um agente multiplicador dos aprendizados construídos..
Não podemos deixar de lembrar, o quanto estar no chão da escola é muito importante para o nosso movimento. Além de todos esses novos movimentos, seguimos acolhendo as escolas parceiras para aprofundar e refletir sobre a Empatia na Educação, partilhando perspectivas práticas de como podemos perceber a empatia, o respeito e a desconstrução do perfeito no nosso cotidiano.