Beremiz é fã dos números e transborda curiosidade

Beremiz é o nome dele, sempre foi curioso. Desde pequeno perguntava tudo. E ai da sua mãe não dar uma explicação aceitável! Queria saber das plantas, dos bichos, das palavras mas o que ele gostava mesmo eram os números.

Quantos passos tem até a padaria? Quantos azulejos tem na parede? Quantas formigas cabem numa garrafa PET? E ele ia calculando. Sempre estava convertendo situações em números. Era festa: quantos granulados tem no brigadeiro? Era noite: Quantas jujubas precisam para chegar a lua? Era natal: Quantos fios tem a barba do papai noel? Sabe que um dia, num velório, peguei ele olhando as tumbas e não resisti: Berê, você não tá calculando quantos túmulos tem aqui, tá? Ele só me olhou sem graça e continuou. Perguntar para ele com quantos paus se faz uma canoa era para deixá-lo ocupado alguns minutos: para quantas pessoas é a canoa? Qual o tipo de madeira? Onde estará a canoa, qual o trajeto que ela vai fazer?

Por outro lado, ele não cabe em si quando lança um desafio numa mesa de amigos e deixa todo mundo quebrando a cabeça. Especialmente, se tivesse uma conta a pagar, lançava o tal desafio valendo a sua parte na dívida. Um dos que mais gosta é:

“Tico, dono do haras, foi desafiado a repartir uma herança de 35 cavalos para serem divididos entre 3 irmãos. Combinou com eles que, se conseguisse repartir de forma que os 3 ficassem satisfeitos, teria o direito de ficar com uma compensação. Todos concordaram e lá foi ele ler o desejo do falecido pai. O primeiro filho deveria ficar com metade dos cavalos, o segundo com a terça parte e o terceiro com a nona parte. Como a metade de 35 cavalos é 17,5, a terça parte é 11 e alguma coisa, e a nona parte é 3 e pouco, ficou difícil dividir a herança. Afinal, não podia cortar os cavalos em pedaços. Qual seria uma boa solução para que todos saíssem lucrando?”

Depois de lançar o problema, o Berê é o cara mais feliz do bar. Olha todos com uma cara de satisfação enquanto guardanapos e mais guardanapos são rabiscados. Se bem que, os amigos do Berê precisam de apenas uma desculpa para ficarem jogando conversa fora em roda. Passam horas falando de cavalos, herdeiros e de como Beremiz consegue inventar essas coisas.

Se você é como os amigos dele e também vai rachar essa conta, aqui vai a solução: Tico, que irá dividir a herança, cede um cavalo do seu haras aos 3 filhos. Assim, eles ficaram com 36 cavalos no total.

Para o primeiro foi dada a metade – 18 cavalos. Ele saiu lucrando, já que sua parte seria 17,5 cavalos. Para o segundo, a terça parte – 12 cavalos. Ele fica feliz pois lhe cabia 11 e alguma coisa. Para o terceiro, foi dada a nona parte – 4 cavalos – ao invés dos 3 e pouco. Assim, com 36 cavalos distribuídos, sendo 18 para um, 12 para outro e 4 para o terceiro, temos um total de 34 cavalos.Sobrando o cavalo doado por Tico – que foi devidamente devolvido – e mais um, ficando ele com 2 cavalos dessa divisão.

“A matemática é a única ciência exata em que nunca se sabe do que se está a falar nem se aquilo que se diz é verdadeiro.” Bertrand Russell

*Imagem da capa: Hannah Rodrigo via Unsplash.

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