Combate ao Racismo Institucional

Racismo Institucional

No último dia 10 de maio aconteceu a  2ª Jornada Formativa em Direitos Humanos: Combate ao Racismo Institucional organizada pela Coordenação de Promoção de Igualdade Racial e a Coordenação de Povos Indígenas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania da Prefeitura de São Paulo. 

O evento marca o esforço de unir políticas públicas e o setor privado na transformação social não só por meio do letramento, mas de criar compromissos que impactem efetivamente a sociedade. 

As falas foram muito ricas e talvez aqui eu não consiga fazer jus à profundidade que trouxeram. Na abertura, a Secretária Soninha Francine reforçou a importância desses espaços para conscientizar não apenas os agressores mas também as vítimas, que elas pudessem entender as diversas violências que sofrem que muitas vezes estão naturalizadas. 

O evento contou com a presença do Professor Helio Santos e Professor Alvaro de Azevedo Gonzaga que foram brilhantes e bastante didáticos ao trazerem o retrato histórico da nossa história e o impacto que teve (e tem até hoje) na população negra e indígena. 

Vou falar em primeira pessoa, na condição de uma mulher branca, ouvir alguns dados (que estão disponíveis) me fizeram refletir o quanto o cuidado e atenção para essa pauta é urgente, necessária e uma questão de TODAS AS PESSOAS. 

O dia 14 de maio de 1888 marcou e definiu como tratamos as pessoas negras no Brasil. O abandono e descaso foi refletido numa lei que acabava com a escravidão e não incluia as pessoas na sociedade. Enquanto a Lei Áurea possuía apenas 2 artigos, a lei que regularizava a vinda dos imigrantes para o Brasil, tinha 43. Pode parecer insignificante ou de pouco impacto, mas isso traduziu e conduziu a participação da população negra no Brasil até os dias de hoje. Sendo assim, não é possível não olhar para isso. E não é possível as políticas públicas olharem para isso. Muito embora se fale que Salvador é a cidade mais preta do Brasil (83% da população, ou seja, um pouco mais de 2 milhões de pessoas), esquecemos que São Paulo, como seus 11 milhões de habitantes, tem 4,1 milhões de pessoas negras (37% da população). Falar de racismo em São Paulo é sim uma prioridade. 

Isso se agrava quando olhamos a população indígena que foi massacrada e simplesmente tratada como “não gente” com seus direitos, terras e costumes ignorados e anulados. Uma lógica centrada nos costumes europeus que foi e ainda é usada para tratar com as pessoas indígenas esquecendo que muitas das coisas não fazem nem sentido. Numa visão simplista e colonizadora, assumimos que a origem, a ancestralidade está fora, no que se veste, no que se come, em como se fala. Para aqueles que são originários da terra, sua relação com a natureza e o mundo que habita são completamente diferentes. 

Essa triste realidade está refletida num país que está entre os 10 maiores PIB’s do mundo (em 9o lugar), mas consegue estar em 14o país mais desigual do mundo, segundo dados da ONU. Talvez não seja coincidência…

“Nada mais desigual do que tratar todo mundo igual.” – Helio Santos

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