“Somos filhos, netos e bisnetos do sagrado Manto Tupinambá.”
Assim, em 9 de setembro de 2024, ao som de maracás, cerca de 200 indígenas celebraram a chegada do manto sagrado, retirado de suas terras há mais de 300 anos.
Na imagem acima a “assojaba”, como os Tupis chamavam o manto de penas, sendo utilizado em importantes rituais da comunidade, como mostra essa gravura do século XVI de Theodore de Bry para o livro de Hans Staden, 1552. Na imagem, vemos três pajés no centro do círculo usando o manto e tocando a maraca, os demais indígenas têm os corpos pintados e cobertos com penas e sobre as nádegas, usam o “enduape” feito de plumas de ema Fonte.
O manto, medindo aproximadamente 1,20 metro de altura por 80 centímetros de largura, é visto como uma entidade sagrada pelos Tupinambá. Acredita-se que tenha sido levado para a Europa por volta de 1644 por holandeses. A peça é confeccionada principalmente com penas de guarás, além de plumas de papagaios, araras-azuis e amarelas. Ele era guardado em um baú de couro e usado em rituais. O Museu Nacional da Dinamarca, que desde 1689 preserva outras quatro peças semelhantes, devolveu o manto ao Brasil após Nivalda Amaral de Jesus – Cacica Amotara reivindicar desde 2000 o retorno do Manto para seu povo.
A cacica Jamopoty Tupinambá destacou que seu povo foi o primeiro a entrar em contato com os colonizadores, o que resultou em diversas violências e tentativas de extermínio.
O retorno do manto ao seu lugar de origem carrega um profundo significado. Para Glicéria Tupinambá, uma importante liderança indígena, o manto é muito mais que um objeto — ele representa um ancestral, uma forma de comunicação espiritual. Através dele, o povo Tupinambá recebe prosperidade, paz e boas mensagens. Ele reforça a importância de suas terras, da preservação de sua cultura e dos rituais, sendo também um símbolo de resistência na luta pelos direitos indígenas e contra o Marco Temporal. Fonte.
O manto é o retorno da dignidade, da ancestralidade e da história do povo Tupinambá, que foi brutalmente interrompida pela colonização. Ele simboliza a reconstrução de uma parte essencial da identidade do povo, trazendo à tona a força de sua cultura.
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