Como você quer ser lembrado no futuro?
Essa é a provocação que Roman Kzrnaric vem trazendo na sua trilogia sobre o tempo e o legado que vamos deixar para as próximas gerações. Depois de Carpe Diem, que fala sobre como aproveitamos o presente, e Como Ser um Bom Ancestral, que nos faz pensar sobre o futuro, Roman traz História para Amanhã, uma reflexão sobre como aprendemos com o passado para construir o futuro.
O dilema do agora versus o depois, as decisões que tomamos agora muitas vezes não levam em conta o impacto que terão nas gerações futuras. E é justamente isso que o tempo todo Roman nos convida: pensar no futuro com a sabedoria do passado.
Ele traz justamente o conceito de miopia temporal, na qual o imediatismo domina as decisões políticas, econômicas e ambientais. Essa visão limitada nos impede de enxergar o impacto de nossas escolhas sobre gerações futuras. Em vez disso, ele propõe o conceito de pensamento de longo prazo, um modo de refletir e agir que considera as consequências para os próximos 50, 100 ou até 1.000 anos. Buscar inspiração em culturas e tradições que souberam equilibrar passado, presente e futuro, civilizações que priorizaram o bem-estar coletivo a longo prazo, como a construção de catedrais na Idade Média, projetos de reflorestamento e o conceito indígena do “princípio das sete gerações”.
A partir desse conceito, ele traz os pilares centrais para fazer essa jornada:
Ser um bom ancestral: Pensar nas gerações futuras e tomar decisões que deixem um impacto positivo no mundo, promovendo sustentabilidade e bem-estar a longo prazo.
Cérebro de Semente (Acorn): Despertar o “cérebro de semente” significa cultivar visão a longo prazo, assim como uma noz cresce para se tornar um grande carvalho, priorizando ideias e ações com potencial para florescer no futuro.
Desenvolver a responsabilidade intergeracional: Reconhecer nosso papel em cuidar do presente e do futuro, equilibrando necessidades atuais com as de gerações futuras.
Desenvolver uma mentalidade de legado: Agir com a intenção de deixar marcas duradouras, contribuindo para um mundo melhor que sobreviva a nós.
Cultivar a empatia: Entender e se conectar com as experiências alheias, promovendo solidariedade e ações colaborativas em prol de um futuro mais inclusivo.
Adotar uma visão regenerativa: Ir além da sustentabilidade, promovendo a recuperação e renovação dos ecossistemas e sociedades.
Expandir sua imaginação histórica: Compreender o passado em profundidade para tomar decisões mais informadas e conscientes no presente.
Abraçar o “tempo profundo” (deep time): Adotar uma perspectiva que reconhece a vastidão da história geológica e humana, inspirando humildade e ações cuidadosas para o futuro.
Esses princípios nos desafiam a repensar nossa relação com o tempo e o impacto das escolhas que fazemos hoje. Histórias para Amanhã não é apenas um manifesto filosófico, é também um chamado prático à ação. Roman enfatiza que mudanças sistêmicas começam com pequenas ações individuais, como adotar práticas de consumo consciente, apoiar políticas públicas sustentáveis e fomentar diálogos sobre o impacto intergeracional de nossas decisões.
Vivemos em um momento crítico de transição. Questões como mudanças climáticas, desigualdade social e avanços tecnológicos exigem que repensemos nossa forma de estar no mundo. Como Krznaric destaca, o futuro não é inevitável; ele é moldado pelas escolhas que fazemos hoje. E essas escolhas devem ser guiadas não apenas pelo que queremos agora, mas pelo que desejamos deixar como legado.
Fica a pergunta: que tipo de ancestral queremos ser?
Estamos dispostos a sair da bolha do imediatismo e a imaginar um futuro mais justo e habitável?
A resposta a essas perguntas não é fácil, mas é essencial. Pequenas ações podem criar grandes histórias para o amanhã.
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