Não somos. Estamos sendo!

Pintura digital vibrante em estilo abstrato mostra duas amigas sorrindo e conversando em um café colorido, com outras pessoas ao fundo em um ambiente acolhedor e iluminado.

“Seja você mesmo.” Dizia o cartaz em um quadro que decorava a parede do café onde eu estava com uma amiga.

A cada gole, meus olhos reliam aquela frase como um discurso de convocação: Você não precisa ser como todas as pessoas.”

Talvez você já tenha lido um cartaz com essa frase, mas e depois? O que vem depois dela? Não sei para você, mas, para mim, vem um dilema existencial:

Afinal, o que EU preciso ser?

Se a resposta fosse fácil, não seria à toa que tantas e tantos de nós se sentem distantes de si mesmos. Passamos os dias com a sensação de precisar encenar papéis aceitáveis, buscando a aprovação (e a aceitação) do outro.

Quando a gente vive da necessidade de aprovação, tudo aquilo que a gente faz, está desconectado dos nossos sonhos, das nossas emoções e dos nossos propósitos, porque nada faz sentido para quem já somos e muito menos para quem queremos ser.

Tim Ingold, no seu livro Estar Vivo, escreve: “Eu sou o que estou fazendo.” Se passarmos a vida fazendo apenas o que agrada aos outros, seremos unicamente alguém que agrada aos outros(as). E isso é exaustivo demais. O preço que se paga por esse estilo de vida é a sensação de vazio, de desconexão consigo e com o mundo.

E, por mais que sejamos influenciados(as) pelo mundo ao nosso redor e a sociedade nos convoca a depender da aprovação alheia, ainda temos um papel ativo na nossa própria construção.

Como escreve Bell Hooks: A vida transforma e renova todos nós, e ser quem somos é um processo contínuo.” Acredito que a potência de sermos nós mesmos está na conexão genuína que criamos entre quem já fomos e quem estamos sendo.

Já deu para perceber que aquele cartaz me incomodou. E, com toda sinceridade, não sei como ignorar o olhar do outro sobre nós. No entanto, é preciso estar atento para entender que o que o outro acha e espera de nós não pode ser mais importante do que a relação íntima que existe “da gente com a gente mesmo”.

Sinto que precisamos de uma dose diária de uma (boa) coragem para não precisar atender as expectativas do outro(a) e abandonar essa ideia de que daremos conta de tudo o tempo todo.

Termino meu café incomodada com aquele cartaz — que, no fundo, é uma convocação para sermos qualquer coisa que agrade a qualquer um(a). Mas o incômodo vai embora quando chamo o atendente para pagar a conta e, no rádio, escuto a canção da Pitty, reafirmando minha reflexão: “Não é minha culpa sua projeção.”

 

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