Texto para ler com crianças, publicado no Jornal Joca:
Sim, isso mesmo: A Coragem de Ser Imperfeito. Este é o nome de um livro que li e achei muito poderoso. A coragem de ser imperfeito traz o desafio de a gente se aceitar do jeito como é: exatamente assim, com todos os nossos defeitos e limitações – o que não significa que não possamos mudar – e faz um convite para que olhemos para nós mesmos e gostemos da gente.
Colocar-se em uma posição vulnerável, assumir que não sabe alguma resposta ou não consegue realizar uma tarefa pode ser dolorido. Mas quando aceitamos em nós o que não fazemos bem, fica mais fácil lidar e, até mesmo, pedir ajuda. Ao contrário do que muitos pensam, admitir um erro ou um defeito é um ato extremamente corajoso e de respeito.
Quando nos preocupamos demais em corresponder com o que o outro espera ou em fazer tudo certo, criamos uma pressão muito grande em nós e, não raro, vamos nos frustrar. Aceitar nossas imperfeições não é usá-las como desculpa para não fazer algo ou assumir uma responsabilidade. É uma forma de enxergá-las e entender a melhor forma de conviver com elas.
E isso vale também para aqueles que convivem conosco. Todos somos imperfeitos, por isso, temos que aceitar as pessoas como elas são, reconhecendo as imperfeições como parte natural de todos nós.
Que tal tentar? Em casa ou na escola, pense em duas pessoas com as quais mais convive. Faça uma lista das características de que menos gosta em cada uma e outra com os atributos de que menos gosta em você mesmo. Agora, para cada coisa que escreveu de que não gosta – seja em você ou nas pessoas que escolheu – proponha uma alternativa para conviver melhor com essa característica. Para finalizar, para cada coisa que você listou não gostar, escreva duas de que gosta. 😉
Vamos trocar nossas imperfeições? Escreva para nós no e-mail: carlotas@carlotas.org
Texto para Educadores:
Imperfeição é uma palavra que incomoda a todos. Ainda mais nos tempos de hoje que buscamos padrões e essa tal de perfeição. Quando trazemos isso para o contexto escolar e olhamos os alunos, precisamos entender o impacto que isso causa na formação da personalidade de cada um. O peso da perfeição e do acerto gera uma frustração enorme.
Alguns alunos serão bons em determinadas matérias, outros em outras, parte vai ser mediana na maioria, alguns terão alguma aptidão física que se sobressaia. Por que, então, olhamos sempre o que cada um não faz bem? O desenvolvimento integral propõe que cada um possa se desenvolver em diversas áreas mas não nega de forma alguma o indivíduo, que deve ser respeitado em suas características.
Entender suas imperfeições é fundamental para que cada um possa conviver com elas de uma forma saudável. Ressaltar o que faz bem, valorizar as habilidades e ajudar que cada um encontre o caminho que o deixe mais feliz e realizado.
Há um peso do padrão do grupo, que ao longo dos anos escolares se acentuam, e se o aluno não estiver seguro de seus potenciais e conscientes das áreas de desafios, fica suscetível e vulnerável emocionalmente.
O medo – do ridículo, de se decepcionar, de se machucar, de passar vergonha, de errar, de não corresponder, de não ser bom suficiente – nos priva de experimentar, ousar, realizar e assumir a responsabilidade por nossa própria felicidade. A vulnerabilidade é incerteza, risco e exposição emocional mas não é uma fraqueza.
Além do trabalho proposto para os alunos, com a reflexão de alternativas para melhor convívio diante de características que não gostam nas pessoas que mais convivem, pode-se trabalhar temas específicos do convívio da classe. Histórias e filmes trazem diversos exemplos de olhar para as imperfeições, esse é o dilema clássico, aliás. O ponto fundamental de se olhar e poder se reconhecer com suas características ajuda que cada um possa pedir ajuda, identificar as áreas que os deixam mais felizes e valorizar o desempenho positivo.
Se você quer pesquisar mais sobre o tema – e vale muito a pena! – recomendo o livro que me inspirou essa conversa: A Coragem de Ser Imperfeito, da Brené Brown.
“Somente quando temos coragem suficiente para explorar a escuridão, descobrimos o poder infinito de nossa própria luz.”
Compartilhe conosco as reflexões, que surgiram com os alunos: carlotas@carlotas.org