Diversidade nas organizações, nos dias atuais existem inúmeras discussões acerca deste tema, sabemos que se esta discussão está vindo à tona, pois por muito tempo tivemos esta realidade negada.
Podemos partir de um pressuposto que por conta de um ideal tecnicista, onde a visão homogênica permanecia, uma forma seria padronizar seus colaborados de modo que suas diferenças sumissem no contexto cotidiano. Somente na década de 80 tivemos inúmeras pautas sobre a diversidade de força de trabalho. Podemos analisar uma moeda com duas faces: segundo Aranha, (2006) a eficácia de valores em promover esta gestão da diversidade pode otimizar a troca de informações sobre experiências, valores, novas abordagens, criatividade, flexibilidade, inovação e uma grande mudança, além, de aprimorar o processo decisório. Mas por outro lado Irigaray, (2008) traz o outro lado da moeda nos mostrando que pode acontecer o enfraquecimento dos laços de lealdade entre colegas de trabalho e com a organização, recrudescer conflitos, problemas de comunicação, pois, para os colaboradores (alguns) conviver com indivíduos de identidades distintas pode ser intolerável, agravando demais as relações. Mas por qual motivo isso pode acontecer? Por falta de conhecimento ou por normas sociais impostas? Cabe aqui uma reflexão ….
Mas a diversidade em sua essência está relacionada ao respeito à individualidade, respeito à forma que estes indivíduos se reconhecem. Todo(a) gerente de certo modo tem responsabilidade de liderança com relação à diversidade e inclusão, incluindo criar um melhor ambiente de trabalho, atender de forma respeitosa fornecedores, parceiros comerciais, acionistas e clientes, pois todos também são diversos e pela lógica capitalista também consomem.
Existem inúmeras táticas para uma organização se manter próspera, a mesma por vezes busca criar uma nova visão e busca legitimar seu discurso mantendo seus funcionários mais motivados e com sentimento de pertencimento, prospectando assim novos clientes e neste viés a inclusão da diversidade passa a ser uma ferramenta muito usada para alcançar tal objetivo, acaba sendo também o caminho para que se tornem mais inovadoras. Cabendo entender a inclusão desta diversidade como um princípio importante para a obtenção de sucesso, se destacando nas suas relações estabelecidas criando ambientes mais empáticos que irão refletir em seu meio social com mais responsabilidade. A instituição que traz a responsabilidade social como bandeira, automaticamente se torna mais interessante no quesito sociológico, podendo gerar um aumento na performance organizacional.
Porter, 2002 retrata que tempos atrás para uma empresa ter sucesso no mercado e destaque bastava a mesma ter bons produtos e preços justos. Mas este tempo mudou, hoje estas organizações precisam lidar com as exigências do público estratégico (os chamados stakeholders). Pesquisadores da área como Queiroz, Álvares e Moreira (2015), mostram que o Brasil ascendeu na preocupação com a diversidade em paralelo aos movimentos sociais e políticos de ações afirmativas, ressaltando que não cabe apenas uma empresa que tenha bons produtos, mas sim uma empresa que pensa em relações sociais construídas com mais respeito e empatia por todos(as) e para todos(as).
Algumas referências:
_ARANHA, F; ZAMBALDI, F; FRANCISCO, E. Diversity management and performance: a review of evidence and findings in academic papers from 1973 to 2003. In: INTERNATIONAL CONGRESS OF APPLIED PSYCHOLOGY, 26, 2006, Atenas. Proceedings. Atenas: ICAP, 2006.
_IRIGARAY, H. A. R. As diversidades nas organizações brasileiras: estudo sobre orientação sexual e ambiente de trabalho. 2008. Tese de Doutorado em Administração de Empresas, Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas, São Paulo, 2008.
_Queiroz, A. C. S.; Álvares, I. M.; Moreira, D. A. Gestão da Diversidade Cultural, Estratégia e Vantagem Competitiva: Um Estudo de Caso no Brasil. ANPAD, 2015. Recuperado em 20 de dezembro de 2017.
_Pereira, J. B. C; Hanashiro, D. M. M. A Gestão da Diversidade: uma Questão de Valorização ou de Dissolução das Diferenças?. Rio de Janeiro: XXXI Encontro da ANPAD, 2007. Recuperado em 11 de dezembro de 2017.
Imagem da capa: Sharon McCutcheon via Unsplash.