Mentes criativas para irem adiante com foco no consumo não faltam, porém um fato curioso a ser considerado é que as sociedades que impõem os parâmetros do desejo humano sociocultural, aliado à tecnologia disponível no momento, conectando as necessidades de cada sociedade para fazer as demandas surgirem em forma de consumo e/ou hiperconsumo desde a 1ª revolução industrial.
Ao analisar o histórico e a linha do tempo das grandes revoluções (industriais ou não), pode-se notar que as revoluções também estão diretamente relacionadas tanto com o desejo humano, quanto com o aspecto tecnológico, podemos destacar 4 grandes momentos de revoluções ao longo dos últimos séculos. O primeiro momento foi ligado à primeira revolução industrial, onde diante de um cenário em que o consumo se dava somente pelas necessidades vitais, começa-se a pensar na produção para os bens de necessidades básicas em largas escalas, ainda com foco para o sustento, porém, já em escala industrial e não somente por demanda específica, nem mesmo economia de subsistência.
O segundo grande momento, veio com a segunda revolução industrial, onde a principal característica foi a democratização do acesso aos bens, foi o surgimento do varejo e da publicidade, o divulgar dos novos produtos que chegam ao mercado com a proposta de melhorar o mundo, produtos que passam a ser apresentados de forma simples e didática, ensinando aos consumidores a inovação e a praticidade que estão agregadas aos produtos, como por exemplo, o caso das lâminas de barbear: Por que considerar trocar a tradicional navalha por uma portátil lâmina de barbear? Com questionamentos desse tipo, a Gillette revolucionou e engajou inúmeros consumidores naquela época e tornou-se referência no mercado até os dias de hoje, trazendo tecnologia e inovação para o ato de barbear.
O terceiro grande momento de revolução, quando muitos de nós inclusive já éramos nascidos, veio com a virada do milênio, onde o consumo sai do macro e vai para o micro, e passa a ser focado num momento mais individual e experiencial, um momento mais holístico que veio por conta da chegada da internet, proporcionando mais acesso às informações, novas culturas, novos modelos de negócio e opções de compra.
Já a quarta revolução, é o momento atual o qual passamos hoje, é um momento muito mais tecnológico, onde não se apresentam mais apenas produtos para consumo, apresentam-se produções inteligentes, experiências, e com isso surgem e ganham cada vez mais força novas formas de negócios como Uber, Airbnb, DogHero, eBay, dentre outras empresas C2C (consumer to consumer) ou ainda O2O (online to off-line) onde os depoimentos públicos agregam (ou denigrem) valor e credibilidade às empresas e/ou prestadores de serviço. São demandas de tempos modernos que vão surgindo de acordo com as necessidades da sociedade atual e o desejo humano de interagir com novas experiências.
É interessante notar que passam-se os anos, as décadas, os séculos, e a unidade mais efetiva para medir a confiabilidade, seriedade e reputação dos negócios nas sociedades, continua sendo o aspecto humano, e com isso, ferramentas como ‘rating’, tornam-se valiosíssimas, uma vez que a tecnologia avançou e permitiu que pessoas conhecidas ou desconhecidas pudessem trocar avaliações.
Os depoimentos das pessoas que já utilizaram o serviço, e as notas que são atribuídas de acordo a experiência que tiveram, passaram a se tornar a referência para se estabelecer uma relação entre esse tipo de negócio, passando segurança para ambos os lados das negociações, uma vez que ambos são constantemente avaliados. E todos sabem que quanto maior seu ‘rating’, mais possibilidades de novos negócios e novas experiências.
A tecnologia, quando bem aplicada, conecta consumidores com interesses em comum com muita praticidade, personalização, cuidado e profissionalismo. E o mais legal, é perceber que unindo as frentes emocionais e racionais do negócio, é muito difícil que todos não se sintam seguros e convencidos que empresas tipo C2C e/ou O2O funcionam, são legais, sérias e respeitadas, pois preocupam-se com suas reputações e sabem que seus negócios só se tornaram possíveis e viáveis por conta dessa troca que existe entre a tecnologia, o aspecto humano e as necessidades da sociedade.
Com isso, podemos considerar que é de extrema importância manter-se sempre atento ao momento da sociedade em tempo real, assim como a tecnologia disponível para amparar o aspecto humano, pois ao logo dos anos, podemos notar que são sempre esses os parâmetros que moldam as necessidades de consumo e constroem os marcos das grandes revoluções, desde sempre e para sempre. E então fica a reflexão: para onde será que estamos caminhando? Quais serão as necessidades da sociedade, as tecnologias e os aspectos humanos que delimitarão a 5ª revolução? Será que com a chegada do Corona Vírus a 5ª revolução já começou? São perguntas, por hora, ainda sem resposta, mas que com o tempo, certamente e rapidamente essas respostas virão.
Imagem da capa: Andrea di Prata via Unsplash.
Referências:
KOTLER, Philip. KARTAJAYA, Hermawan. SETIAWAN, Iwan. Marketing 4.0. São Paulo: Sextante, 2017.
MELO, Raquel. Ambiente Contemporâneo da Comunicação. São Paulo: Senac, 2018.
SCHWAB, Klaus. A quarta revolução industrial. São Paulo: Edipro, 2016.