Agosto foi o mês da comunicação empática nas escolas

Após o merecido descanso do mês de julho, agosto chega com 55 encontros e muito trabalho! Na maioria deles demos continuidade ao tema violência com foco na comunicação empática. Após dialogarmos sobre alguns tipos de violências, o impacto que causa no cérebro das crianças, a prevenção e a responsabilização da escola sobre essa questão, focamos agora em formas não violentas de comunicação.

Nossa comunicação está relacionada com aquilo que escuto e a forma como a mensagem que quero passar chega até a outra parte. A escuta é um fator primordial para que possamos nos conectar com o outro de forma empática. Sendo assim, trabalhamos alguns pontos fundamentais nas escolas. 

O primeiro diz respeito à presença, ou seja, deixar as distrações de lado e focar no que realmente importa. Observe seus julgamentos e cuide para não se perder neles. No momento em que dialogamos com alguém, ficamos ansiosos para responder e algumas vezes interrompemos essa pessoa. Aguarde o outro ou a outra concluir sua linha de pensamento. Dessa forma será mais fácil compreender o que realmente ele ou ela quer dizer. Finalmente, esteja aberto à mudança. Todas as vezes em que entramos em contato com outros modelos de mundo, estamos sujeitos a conhecer coisas novas, e porque não, mudar de opinião?

A escuta também pode ter ruídos. E o que é isso?

Os ruídos na escuta são aqueles que dificultam o acolhimento do outro. Todos já fizemos alguns desses deslizes, e muitas vezes com boas intenções, como animar alguém num momento difícil, ajudar alguém a resolver um problema, tirar alguém de um sofrimento mostrando outros maiores. O ladrão do protagonismo é um bom exemplo do ruído. Ocorre quando roubamos a cena e o protagonista passa a ser o outro – é o famoso eu!

Não há receita de bolo para uma escuta respeitosa e atenta, mas se você estiver dialogando com alguém e não souber o que dizer, apenas agradeça e pergunte de que forma você pode apoiá-la (lo) neste momento.  

A comunicação não é feita somente da escuta. E a fala?

De acordo com Marshall Rosenberg, criador do processo de comunicação não violenta (CNV), “o primeiro grande passo para uma comunicação não violenta é saber diferenciar o que enxergamos daquilo que interpretamos”.

Muitas vezes ao interpretar um fato, damos sentido a algo que não é o que está realmente sendo observado. Observar é olhar de maneira isenta de julgamento. É a partir de uma observação que  posso dizer como me sinto em relação a determinada situação, diminuindo as chances de gerar uma reação defensiva na pessoa ouvinte. Quanto mais sentimentos e emoções conhecermos e formos capazes de identificar em nós, mais entendimento teremos sobre como as coisas nos afetam. Além disso, a partir do momento em que consigo nomear um sentimento, terei ferramentas para identificar se a necessidade que está por trás dele está sendo atendida ou não.

Finalmente, após percorrer esse longo e complexo caminho da comunicação, não podemos esquecer do pedido. O que realmente quero na interação com a outra pessoa? Pedidos específicos trazem mais clareza para o diálogo. 

A maneira como abordamos esse temas nas escolas desencadeou uma série de reflexões, como exemplos de falas agressivas que se perpetuam por gerações e gerações dentro da sala de aula, trocas de bilhetes com a família com uma escrita violenta, gritos em reunião e muitos confrontos; mas também espaços de escuta respeitosos, acolhimento das diferenças, mudanças de atitudes de estudantes, entre muitas outras situações. Estar aberto para essa nova forma de comunicação é fundamental para a construção de relações saudáveis e ressignificar práticas de convivência na escola.

Que venha setembro com mais trocas!!!!

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