Outubro é mundialmente reconhecido como o mês de conscientização a respeito da prevenção e diagnóstico do câncer de mama. Em diferentes organizações, são expressivas as iniciativas do lacinho rosa com a intenção de disseminar informações e promover o cuidado com a saúde. O que é notório, porém, é que a maior parte das ações e discussões do outubro rosa não são inclusivas. A maioria das campanhas publicitárias, por exemplo, ainda coloca mulheres cis e brancas como protagonistas e principais alvos, ignorando a diversidade de experiências e realidades enfrentadas por diferentes pessoas.
Sob a perspectiva de diversidade etnico-racial, o estudo “Mantus – Mulheres negras e câncer de mama” (Fonte) revela que mulheres negras têm 57% mais chances de serem vítimas fatais do câncer de mama, quando comparadas às mulheres brancas.
Fatores como o menor acesso a serviços de saúde, com consequentes diagnósticos tardios e dificuldades em completar o tratamento, contribuem significativamente para essa disparidade.
Quando pensamos na realidade de mulheres com deficiência sensorial, muitas encontram barreiras para acessar informações e os serviços de saúde, incluindo agendamentos de exames e realização de tratamentos. Aquelas com deficiências físicas, frequentemente se deparam com unidades de saúde sem recursos básicos de acessibilidade, incluindo mamógrafos não adaptados para diferentes corpos.
Sob a perspectiva da comunidade LGBTI+, a realidade se mostra ainda mais delicada. São inúmeras as violências e constrangimentos enfrentados por este público, que acaba sendo afastado dos cuidados com a saúde e, concomitantemente, exposto a um adoecimento mental.
Outro ponto relevante a se destacar se relaciona à realidade de pessoas trans. Não apenas o corpo da mulher cis está suscetível a ser acometido pelo câncer de mama. Homens cis, mulheres trans em hormonização e homens trans (não mastectomizados) também correm um risco significativo de desenvolver a doença.
Essas e outras questões reforçam a necessidade da promoção de informações e serviços mais inclusivos, especialmente no que diz respeito à saúde. Vivemos em uma sociedade diversa, logo, não há um corpo, experiência ou realidade padrão compartilhada por todos.
Por isso, é necessário um comprometimento intencional de todos envolvidos em campanhas como Outubro Rosa a fim de que o cuidado e a conscientização abracem todas as vozes, corpos e histórias, promovendo uma saúde verdadeiramente inclusiva e equitativa para todos(as).
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