Bella cresceu ouvindo as pessoas dizerem que preferiam cachorros porque gatos eram sinistros, dissimulados, não se apegavam a pessoas, só ao lugar onde moravam. Que cachorros eram fiéis ao dono, melhor amigo do homem, carinhosos e amorosos.
Assim, seguindo o que aprendeu pelo tanto que ouviu, Bella nunca se aproximou de um gato, nunca se interessou em procurar saber se o que diziam era verdade ou não, simplesmente os ignorava. Os gatos de um lado e ela do outro. Os gatos da vizinhança, também, nunca se aproximaram dela, muito provavelmente porque tinha cachorros no quintal.
Até que um dia uma amiga trouxe para ela um montinho de pelos, cabia em uma mão e lhe disse:
– Minha gata deu cria e eu não vendo seus filhotes, ofereço para pessoas do bem que sei que tratarão ele bem, com amor e carinho.
Bella estremeceu por dentro. Um gato ???? Depois desses elogios, como não aceitar? Mas ela tinha o Zé, um cachorro babão mas que era forte e poderia machucar aquela criatura tão pequenina e frágil. Bella não sabia cuidar de gatos, eles fogem, todas as desculpas que buscava para devolver o gatinho se anulavam quando olhava para aquela coisinha peluda de olhos azuis. Ela segurou ele perto do peito, respirou fundo e decidiu adotá-lo.
O gato cresceu, lindo, carinhoso, amoroso, ganhou um nome, Caetano, ama a família e até abana o rabo, como o Zé, quando quer brincar. Quando alguém chama seu nome ele aparece ou ouve-se um ‘miaaaaaau’ de algum lugar da casa. Acho que ele pensa que é cachorro, aprendeu com seu irmão Zé.
Quando Caetano chegou, o Zé já era velhinho e há alguns meses ele foi para o céu. Caetano agora é o único filho da Bella e do seu marido. Ele é a alegria da casa, o companheiro de todos os momentos. Aonde dona Bella estiver, lá está ele, ao seu lado, olhando-a com seus lindos olhos amarelos, sim, os olhinhos azuis do bebê se transformaram em lindos olhos amarelados.