Carlotas montou uma lista com DEZ DICAS de livros infantis sobre “ser ou sentir-se diferente”

“Todo mundo é diferente e isso é normal” , disse uma criança em uma oficina do Programa de Carlotas em escolas.

Vocês sabem que no Mundo de Carlotas há contos de muitos personagens que trazem um olhar generoso para as imperfeições, afinal todos nós temos características que nos tornam únicos. Porém, muitas vezes, escondemos estas “exclusividades” por vergonha ou medo de não sermos aceitos nos meios em que circulamos.

Mas espera aí, se todo mundo tem algo diferente, qual é o problema? O que é normal, afinal?

Seu Cartola, nosso guia de ponto de vistas, foi até a Biblioteca da Dona Terra ver o que tinha para sugerir e trouxe livros fantásticos que ajudam os adultos a desenvolverem esta conversa com as crianças.

Cada um dos títulos citados abaixo aborda, de uma maneira bastante distinta, o tema diversidade trazendo ainda um olhar para ser ou sentir-se diferenteauto-confiançaautoestimaamor-própriocompaixão e solidariedade.

1. ERNESTO – Blandina Franco e José Carlos Lollo (Editora Cia das Letrinhas)

Ernesto é uma figura que todo mundo tem alguma coisa a dizer a respeito:

“Dizem que o Ernesto é burro. Que ele não entende o que pensam as outras pessoas”

Após vários “Dizem que…” ele acaba sozinho e triste. Um página de “Fim” indica que o livro acabaria ali, mas não. A narrativa continua até que as crianças são convidadas a dizer algo para o Ernesto.

Um livro de criatividade ímpar que envolve as crianças com o destino do protagonista. As crianças passam pela experiência da compaixão. Ele cria uma forte conexão entre Ernesto e os leitores, que sentem sua tristeza, sua solidão e se tornam ativas na leitura, trazendo contribuições para alegrá-lo. Além do diálogo sobre os efeitos do julgamento (e da fofoca), o livro traz a oportunidade de conversar sobre a solidariedade e o respeito ao que parece ser ou é diferente.

2. DE TODAS AS CORES – Nye Ribeiro e Ellen Pestili (Editora Roda & Cia)

Seu Juvenal é um jardineiro muito caprichoso. Em seus canteiros, as flores eram cuidadosamente separadas por tipo e por cor. Até que um dia os pássaros e as abelhas, num leva e traz de sementes, misturam tudo. Num primeiro momento, as flores se estranham e não se aceitam. Quando elas percebem que o jardim todo colorido fica mais belo e atrai mais abelhas e pássaros, mudam de atitude e aprendem a conviver em paz e harmonia.

Este livro mostra a riqueza da diversidade de forma simples e divertida. Também ilustra o preconceito e nos ensina como é possível reconhecer valor no outro e viver em harmonia com todas as nossas diferenças.

3. TUDO BEM SER DIFERENTE – Todd Parr (Editora Panda Books/Original)

O autor aborda, por meio de ilustrações de traço simples, super coloridas, marcantes e uma linguagem divertida, algumas questões que podem gerar insegurança nas crianças, como por exemplo: usar aparelho odontológico, ser tímido, precisar de cadeira de rodas etc.

Este livro leva as crianças a pensarem em pessoas que elas conheçam (ou nelas próprias) com as características citadas e a refletirem sobre como se sentem em relação a elas. Mais do que isso, o leitor convida as crianças a enxergarem aquelas características como algo comum, que não as fazem melhor nem pior do que ninguém.

4. BOM DIA, TODAS AS CORES! – Ruth Rocha (Editora Salamandra)

Um camaleão que tem a capacidade de se adaptar facilmente ao que os outros animais esperam dele e nem por isso se sente mais feliz. Depois de tentar atender a várias expectativas e perceber que não dá pra satisfazer às vontades de todos, ele chega à conclusão de que o melhor mesmo é ser como ele quiser.

Este livro retrata uma situação bem comum no cotidiano, inclusive das crianças: o pertencimento. Fazer o que os outros querem para ser aceito pode ser complicado, além de sempre existir alguém que vai discordar de você. O camaleão, que por natureza adapta-se ao ambiente com facilidade, simboliza a necessidade de olhar para si para fazer as escolhas. Esta estória contribui para o diálogo sobre o autoconhecimento e a autoestima.

5. MONSTRO ROSA – Olga Dios (Editora Boitatá)

Quem já viu um monstro rosa? Este, da obra de Olga Dios, vive num mundo branco, com casas brancas, uma nuvem branca e seres igualzinhos e brancos. Ele era o diferente ali. Mais monstro impossível no meio de todo aquele cenário monocor e monótono. Um dia, o monstro rosa decide ir em busca de um lugar que tivesse mais “a sua cara” e encontra um mundo cheio de criaturas diferentes, onde cada uma delas tinha seu lugar.

Este livro retrata a coragem de se posicionar contra padrões e ir em busca da felicidade. “O monstro rosa não cabia na sua casa”. Quanta infelicidade não ter um lugar na própria casa? Um assunto mais do que atual, a diversidade e a luta pela valorização das diferenças.

6. ELMER O ELEFANTE XADREZ – David McKee (Editora Martins Fontes)

Este livro é um clássico que teve sua primeira versão lançada em 1989. Ele conta as aventuras de um elefante todo colorido – conhecido por milhões de crianças do mundo todo – que queria ser cinza como os outros. Quando ele descobre uma forma de pintar seu corpo, ninguém o reconhece mais e ele passa desapercebido. Por algum tempo isso funciona bem, porém ele começa a sentir falta de si mesmo até que volta a ser o elefante colorido e alegre de sempre em uma grande bagunça.

Elmer nos ensina que cada um deve se amarse aceitar e ser feliz da forma que é. Ele mostra na figura de um elefante muito simpático e brincalhão, que se transformar somente para caber dentro de um padrão não necessariamente traz mais felicidade. Elmar mostra o quanto é importante aceitarmo-nos com todas as características que nos tornam únicos.

7. O MENINO E O PEIXINHO – Sonia Junqueira, Mariângela Haddad (Editora Autêntica)

Um livro que conta a estória somente por meio de imagens (livro-imagem). Trata-se de uma professora que dá um peixinho de presente a cada um de seus alunos. Enquanto a euforia das crianças em escolher o mais bonito causa agitação na sala de aula, um deles passa desapercebido: um peixinho de olhos grandes um pouco diferente dos outros. Este chama a atenção de um menino que o leva pra casa e cuida dele com muito amor.

“Quem vê cara não vê coração”, dizia o sábio. Este livro pode ser o convite para uma conversa com as crianças sobre preconceitoamizade verdadeira e o que há além das aparências. Ela treina a compaixão – à medida que as crianças identificam a situação pouco privilegiada do peixinho e torcem por um final feliz- e a empatia, pois as crianças sentem a tristeza, a ansiedade e a alegria junto com os protagonistas. Também ajuda a treinar o olhar generoso, quebrando o paradigma de que só o que é perfeito tem valor. Uma estória simples, que qualquer criança entende, mesmo na ausência de um leitor, e que pode ser desenvolvida com bastante profundidade.

8. O BAÚ DE SURPRESAS – Mariane Bigio e Rafael Limaverde (Editora IMEPH)

Quem não gosta de uma caixa cheia de brinquedos? Cada um diferente do outro, com uma funcionalidade, um formato, uma habilidade, uma possibilidade de brincar e se divertir. Além das rimas em cordel, este livro traz brinquedos populares e uma narrativa em rima deliciosa de ler.

As crianças começam muito cedo a observar as outras e a se comparar. Este livro desenvolve, de forma lúdica e divertida, os temas diversidade e autoestima. Ele explora as diferentes habilidades que cada brinquedo tem, reforçando que cada um tem seu valor (como num grupo de pessoas). Além disso, mostra como é legal quando existe a diversidade, pois ela aumenta o leque de opções, o aprendizado e a diversão!

9. FLÁVIA E O BOLO DE CHOCOLATE – Miriam Leitão e Bruna Assis Brasil (Editora Rocco)

Uma garotinha adotada com muito amor percebe-se diferente de sua mãe e começa a questionar. Mais do que isso, ela não quer ser mais da cor que é. Com muita sabedoria e criatividade, a mãe encontra uma forma de fazer a filha valorizar a sua cor marrom, afinal, chocolate é marrom, o tanque de areia é marrom, seu cachorro de estimação é marrom e por aí vai.

Uma estória regada a amor que mostra não somente a questão da adoção, mas também da valorização do diferente. Este livro conta, de forma delicada, como a menina começa a perceber a diversidade ao seu redor e volta a aceitar-se como é.

10. O HOMEM QUE AMAVA CAIXAS – Stephen Michael King (Editora Brinque Book)

Um pai calado que para mostrar o amor que tem pelo seu filho constrói coisas com caixas de papelão. Apesar de algumas pessoas criticarem sua forma diferente e “exótica” de ser, ele explora sua habilidade como canal de conexão, sem palavras e mesmo assim sincera e rica.

Este livro traz, de forma quase poética, a questão do entendimento do outro sem o uso da linguagem falada. Mostra que o olhar atento e generoso faz toda a diferença na construção de uma relação, e que o amor pode ser expressado de diferentes maneiras. O próprio autor é parcialmente surdo de forma que, conhecendo um pouco de sua história, o livro se torna ainda mais profundo.

 

Se quiser saber mais sobre nossos projetos ou se tiver interesse em contribuir de alguma forma com conteúdo alinhado ao nosso propósito ou ideias, envie-nos uma mensagem que entraremos em contato com você o mais rápido possível!.