O encerramento do semestre com os voluntários do Carrefour e as crianças do Projeto Casulo teve um colorido especial.
Este ano, ao contrário do que desenvolvemos no ano passado (assista aqui), treinamos os voluntários para que eles aplicassem as atividades. Então, tive que me segurar até esse último encontro para aparecer por lá.
Tem coisa mais gostosa que chegar num lugar e receber um monte de abraço? Tia, professora, Carlota… acho que nunca vão saber meu nome de verdade, mas não importa. Porque ver nos olhos daquelas crianças, que já conhecia, o brilho e a alegria enquanto a gente conversava, significa que eles carregam dentro de si um pouquinho do nosso mundo.
Começamos resgatando toda a conversa dos últimos encontros e, depois, fomos construir: “Da letra ao conto”. Um jogo de descobrir as letras, formar palavra e, então, criar uma história para a textoJô, uma superheroína bem especial.
Depois, com o sol esquentando o dia, fizemos um circuito no lado de fora, lá na laje. Então eles conheceram o Rica, a Vanessa e o Anexim. Cada um deles com uma atividade diferente. Com o Rica, pulavam corda para queimar energia e manter a forma, com a Vanessa tinham um desafio de matemática com muitas bexigas para estourar e com o Anexim, brincavam com as palavras dos seus famosos ditados.
O dia acabou e me deu uma sensação muito estranha. Quando a última criança desceu para tomar o lanche e ir embora, era um misto de saudade e orgulho de ver como vários deles já tinham mudado em pequenas atitudes e que estavam construindo relações mais harmoniosas. Se teve conflito? Vários! A cada 10 minutos pelo menos um. Mas eles mesmos, como um pouquinho de paciência e incentivo, conseguiam resolver com o amigo. Mesmo que dali 10 minutos voltassem a encrencar um com o outro de novo.
“- Tia, você mora longe?
– Mais ou menos.
– Onde você mora?
– Ué, em Carlotas!
– Eu quero morar lá também.
– Mas você pode, sempre que quiser já sabe como ir.
– Não, de verdade.
– Olha, você tem um pedaço de Carlotas no seu coração. Você vai sempre estar lá se quiser.”
Sorte minha, porque vou poder vê-los o tempo todo por aqui quando a saudade apertar.
Aqui estão alguns textos criados pelas crianças que participaram da oficina:
“A Jô era uma pessoa diferente de todas. Ela é uma pessoa boa, que fazia o bem, que era forte e valente, usa roupa xadrez com uma meia estranha e que guarda boas coisas na cabeça. Andava distribuindo bala para pessoas nas ruas e ama fazer mala para viagens. Ela também gosta de jogar bola com suas amigas e se sujar na lama. Um dia, ela viajou para um sítio e viu um boi grande comendo grama. Assim, concluímos que a Jô é uma pessoa de bons pensamentos.”
“Um rato virou um pato, um pato virou um sapo e um sapo virou uma rosa. Então, veio a sapa e deu um tapa. O pastor não gostou e pegou uma seta escrita STOP. Eles seguiram reto, ficando cada vez mais perto. Chegaram na sua casa, em caminho reto, fizeram as pazes e seu amor no snapchat.”
“A Jô tinha um pato que era muito especial. E o dia seria muito cheio e teria muitas pessoas lá. Apareceu um pato na porta. Nesta porta, tinha parte de uma pera. Um sapo vestido um trapo comeu a pera.”
“A Jô gosta de comer muitos doces, bala e bombons. Quando ela era bebê, a mãe dela lia histórias pra ela. Um dia pegou uma mala e viajou de balão. Ela conheceu um leão que só comia melão e mamão. Eles ficaram muito amigos, mesmo diferente, eles aprenderam a se amar.”