Neste meu primeiro texto destinado ao Jornal Carlotas, um espaço tão especial que valoriza a Empatia, o Respeito, a Diversidade…fiquei um tempo pensando por onde começar. São tantas histórias que quero contar, vivências e sentimentos para compartilhar…Mas uma palavra saltou forte na minha mente: CONEXÃO.
Desde o início da nossa vida estivemos profundamente conectados com outro ser, outro corpo humano. Por meio do cordão umbilical, recebemos tudo o que era necessário para nossa nutrição e sobrevivência. O calor e a proteção foram indispensáveis para que pudéssemos crescer em segurança. Dizem que pudemos mesmo experienciar os sentimentos de nossa mãe, neste período: amor, tristeza, ansiedade…
Ao nascer, aos poucos vamos nos vinculando a várias outras pessoas, seres e objetos do mundo. Conhecemos o meio ambiente por meio do nosso corpo, dos nossos sentidos. Cores, texturas, cheiros, sons, sabores. É a partir deste contato e interação que apreendemos o mundo, e cada um da sua forma, com seu próprio e singular corpo.
Desde bebês já conseguimos estabelecer vínculos com as pessoas, expressando nossas emoções, necessidades fisiológicas e afetivas. Vamos nos desenvolvendo e nos apropriando da cultura que nos cerca, da linguagem, das diversas formas de ser e estar no mundo.
Vygotsky, psicólogo que desenvolveu uma importante teoria sobre os processos de aprendizagem, nos trouxe a ideia que desenvolver-se é apropriar-se do mundo, afirmando que nós somos mediados pela cultura. Piaget, outro psicólogo referência no assunto, acreditava que a aprendizagem é construída por meio do significado que a criança dá para suas experiências, através da interpretação dos estímulos recebidos e interação com o meio.
E mesmo antes de nascer já estamos conectados com tantas histórias e pessoas…Nossos antepassados, nossa ancestralidade. Biologicamente a genética já comprovou essa herança cravada em nossa memória celular. No âmbito mais sutil também estamos vinculados às crenças, vivências e experiências dos nossos antepassados.
Então, poderíamos dizer que durante nosso processo de crescimento e desenvolvimento, herdeiros de uma história familiar e humana, de uma cultura em constante transformação, estamos no mundo realizando constantemente conexões com o meio a partir do nosso mundo interno, ou da nossa individualidade.
E em algum momento da nossa vida percebemos que também somos sujeitos dessa história, e que de uma forma bem especial e singular podemos partilhar nossa existência com o mundo. E quanto mais consciente formos de todas essas conexões a que estamos vinculados, mais amor e empatia sentimos e a sensação de que todos nós temos um propósito de vida a ser liberado do nosso coração!
Liberdade sim é uma palavra muito bela! Precisamos dela para poder ser e estar plenamente neste mundo, da forma que quisermos e pudermos. Respeitando nossa singularidade, e a diversidade existente neste planeta. Mas, para que possamos nos desenvolver com liberdade e respeito à nossa singularidade, precisamos do “calor” e “proteção” como outrora iniciamos nossa vida.
Por “calor” podemos entender afeto, acolhimento, aceitação, amor e por aí vai. E por “proteção” entendemos o direito que todas as pessoas e seres vivos têm de viver em um meio ambiente seguro que garanta suas necessidades. Não é por acaso que a não-violência é um valor humano universal e a cultura da paz é uma forma de vida que podemos construir agora, começando por nós mesmos.
A vida é feita de relacionamentos, encontros e desencontros, imprevistos sempre, coincidências e conexões. Segue meu sincero desejo para todos: “Que não percamos as conexões, que nos conectemos com nosso próprio ser e individualidade de forma amorosa, e principalmente que nos conectemos com os outros de forma verdadeira e empática! “
Grata por essa conexão Carlotas. Com esse texto espero me conectar com muitas pessoas e ideias diversas.
*Imagem da capa: Kelly Sikkema via Unsplash.