Dia dos Povos Indígenas

menina com feições indígenas em uma colagem com uma escola na sua cabeça. um fundo laranja e azul com uma ave

Dia 19 de abril é celebrado o Dia dos Povos Indígenas, importante data para reconhecer a riqueza cultural e diversidade dos povos, mas também para refletir sobre os desafios enfrentados, especialmente no contexto educacional.

Ao olhar para as salas de aula, percebo o quanto fica evidente que a temática indígena continua sendo um grande desafio. Para aprofundar essa percepção, vou relembrar alguns fatos sobre a época da invasão no Brasil.

Durante a invasão, foram estabelecidas as primeiras escolas com o objetivo de catequizar e impor a cultura europeia aos povos indígenas como instrumento de controle e dominação. É evidente o quanto isso foi violento e trouxe (e ainda traz) muitas consequências para os povos indígenas, dentre elas, ouso destacar as diversas doenças e epidemias desde o primeiro contato, a exploração, o etnocídio, a proibição do uso de suas línguas, a perda de identidade cultural, o apagamento e a perpetuação de estereótipos e preconceitos.

O que isso tem a ver com os desafios atuais sobre a valorização e o estudo da cultura indígena nas escolas?

Ainda hoje é ensinado que o Brasil foi “descoberto”, o que resulta um apagamento de mais de 500 anos de violência, extermínio e miscigenação forçada, que levou muitos povos a perderem seus costumes e culturas.

O processo de colonização resultou na imposição de uma narrativa eurocêntrica da história e cultura, na qual os povos indígenas foram retratados como primitivos, inferiores e que precisavam de “civilização”. Essa visão eurocêntrica persiste até hoje e continua influenciando profundamente o sistema educacional, reproduzindo a história de um país sob a perspectiva do “branco salvador” para justificar a perseguição, os maus tratos e a retirada de identidades dos povos que aqui sempre habitaram.

A forma como a história oficial foi contada excluiu direitos e pertencimentos e deixou uma porção de gente órfã”. Daniel Munduruku

Além disso, hoje em dia ainda existe a falta de representatividade nos currículos escolares, a ausência de materiais didáticos adequados e a resistência institucional à inclusão e estudo da temática indígena. Assim, a reflexão sobre os desafios enfrentados pelas escolas ao abordar a temática indígena é inseparável da compreensão histórica do impacto duradouro da colonização sobre os povos indígenas e suas lutas pela preservação de identidades e direitos.

Posto isso, a pergunta reflexiva que faço agora é: como ensinar a história, cultura e falar sobre identidade indígena, quando o que fez parte do processo de formação dos(as) professores(as) foi o outro lado da história?

Encontramos algumas respostas nas diretrizes, legislações e currículos. Esses são amparos teóricos que, apesar dos esforços para promover uma educação mais inclusiva, há uma falta significativa de representatividade, compreensão e respeito pelas culturas e histórias dos povos indígenas. Nesse caso, vale repensar e reconstruir os currículos escolares no que diz respeito ao conhecimento indígena em todas as áreas de estudo, bem como a formação continuada para professores(as).

Na minha perspectiva, a resposta é: Precisamos fazer o caminho de volta.

Um caminho de reconexão ancestral, reconhecendo a sabedoria e a riqueza cultural dos povos indígenas como parte fundamental da identidade nacional. Esse caminho implica em ouvir as vozes dos próprios indígenas, valorizando suas narrativas e perspectivas.

Esse caminho de volta, do mesmo modo, precisa ser percorrido pelo coração. Não se trata apenas do lado teórico e intelectual, mas também de uma jornada emocional. É necessário abrir espaços nos corações para acolher as histórias e dores dos povos indígenas, sem o olhar colonizador de querer transformar nossas diferenças e cosmovisões. É olhar para nós como nós somos, não como gostariam que fossemos. É um convite para uma jornada de compreensão, empatia e respeito.

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