Dia 7 de fevereiro é celebrado o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas.
A escolha da data é em memória ao Sepé Tiaraju, que foi assassinado lutando contra portugueses e espanhóis em 1756. É uma data importante para refletir e afirmar que os povos indígenas, desde a invasão, lutam pelo seu direito de existir e permanecer. Todos os dias.
Para a reflexão deste dia e sobre a luta diária dos povos indígenas, trago uma notícia recente e um manifesto. A notícia é recente por estarmos em 2024, mas poderia ser há mais de 500 anos atrás, porque seus reflexos permanecem atualmente.
O primeiro assunto é sobre a terrível notícia divulgada recentemente: “Indígenas Munduruku que habitam o interior do Pará estão com níveis alarmantes de mercúrio no corpo”. Mercúrio! Pessoas indígenas estão contaminadas por mercúrio utilizado no garimpo ilegal.
A presença alarmante de mercúrio nos corpos indígenas mostra que a luta desde a época colonial continua. Hoje, também chamada de garimpo, a invasão de pessoas não indígenas traz consequências devastadoras. Ao explorar os recursos naturais para enriquecimento próprio, deixam em troca a destruição e a contaminação nas matas, nos rios, nos animais e nas pessoas.
Que troca justa é essa que ainda estamos vivendo desde a colonização?
Para ilustrar ainda mais essa reflexão sobre a luta indígena desde a colonização e a troca injusta que recebemos, falo agora sobre o atemporal e necessário manifesto de Juão Nyn, multiartista Potyguara, que tive o prazer de assistir no Sesc Ipiranga.
Em “Contra Xawara, Deus das doenças ou troca injusta”, Juão Nyn criou um manifesto provocativo que problematiza e evidencia os impactos das primeiras colonizações européias virulentas e bacteriológicas que mataram milhares de indígenas em Abya Yala desde o primeiro contato com o homem branco.
A performance retrata o impacto das epidemias que assolaram os povos indígenas e traz a reflexão sobre a história do “Brasil” e da “América Latina” sobre as consequências duradouras e permanentes desses primeiros contatos, sejam elas nas lutas ou nas doenças e epidemias causadas.
Além disso, Juão Nyn provoca e chama atenção para a seguinte necessidade: a sociedade não indígena repensar suas atitudes em relação aos povos indígenas que são historicamente marginalizados todos os dias. Será que essa troca continua sendo justa?
Desde a colonização, enfrentamos uma constante batalha. Diariamente, lutamos para conquistar reconhecimento e respeito. Essa luta persistirá.
Para fortalecer não apenas o Dia Nacional de Luta dos Povos Indígenas, mas todos os dias de luta, é importante começar por reconhecer nosso o próprio lugar de privilégio.
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