Quando perguntamos o que é empatia?, a resposta automática vem como se colocar no lugar do outro ou vestir o sapato do outro. Muito simples se não fossemos tão únicos e especiais que colocar-se no lugar do outro significa despir-se de si.
Olhar o mundo com o olhar do outro nos força a entender que este outro não tem as mesmas referências que eu, a mesma história de vida que eu, muito menos as mesmas crenças e valores.
Por isso, antes de ter a pretensão de olhar como o outro, precisamos entender como nós olhamos esse mundo, que é o passo #1 dos Princípios da Empatia: auto-conhecimento.
E este é um dos grandes desafios quando nos percebemos sempre olhando e apontando para os outros, um exercício para lá de desafiador voltar as lentes para nós mesmos e ter que encarar nossos próprios defeitos, medos e imperfeições.
O documentário “O Efeito Sombra”, baseado no livro com o mesmo nome, traz lindas reflexões sobre esse nosso lado que insistimos em esconder. A sombra é aquilo que não queremos que os outros saibam, algo que sufocamos dentro de nós porque não aceitamos. Coisas banais como sabotar nossas promessas de ginástica ou regime ou, até mesmo mais sérias, como parar em fila dupla ou comprar produtos falsificados. Ou ainda aquelas que são coletivas, as quais fingimos não fazer parte como o lixo nas ruas, a pobreza na esquina. Coisas que sabemos que são embaraçosas para admitir, que nos causam vergonha, nos colocam vulneráveis. E é exatamente por isso que negamos e reprimimos a existência delas.
Criamos então uma persona pública e outra secreta, que segura esse lado sombrio. Afinal, não é fácil admitir nossas fraquezas, já que queremos ser admirados e amados.
No entanto, ao ignorar essa sombra – não nos dar a oportunidade de nos conhecer profundamente – permitimos que ela surja descontroladamente. Quando olhamos os outros e julgamos ou percebemos que o comportamento nos afeta emocionalmente, muito provavelmente estamos projetando no outro nossas próprias sombras. Sem a consciência de quem somos de verdade, não poderemos conhecer o outro. Sem a tristeza, não há a alegria, sem o medo não há a coragem, sem a sombra não há a luz.
Acolher nossas características – em especial nossas sombras – é o primeiro passo para poder saber conviver com ela e até mesmo transformá-la. Quando nos conectamos com nós mesmos conseguimos nos conectar com o outro porque somos todos únicos mas são nossos sentimentos e emoções que nos torna únicos em uma mesma espécie.
Interessou? Assista ao documentário completo aqui: