Mas por que raios empatia é um ato de coragem?
Para mim, a resposta está centrada em um ponto fundamental deste processo: se abrir para o outro. Isso significa estar disponível e vulnerável para o que isso possa significar.
Quando nos propomos a criar essa ponte entre nós e o outro, vamos achar em nós coisas que talvez não queiramos mexer, assuntos que guardamos em gavetas trancadas, lembranças jogadas para debaixo do tapete ou apenas esquecidas em um canto para ver se desaparecem.
Estar aberto e vulnerável é dizer sim a coisas que não podemos controlar e isso assusta até mesmo os mais aventureiros (imagina nós, os mais controladores!). Assusta porque vamos lidar com sentimentos desconfortáveis, encarar nossos maiores medos e assumir que, talvez, a gente não seja aquela pessoa tão bacana que pensávamos em uma determinada situação. É como olhar no espelho e ver além da carcaça. É olhar no fundo da nossa alma e abraçar tudo que insistimos em fingir não ser.
E podemos viver uma vida inteira evitando esse encontro com nós mesmos, mas seguramente não conseguiremos criar essa conexão com o outro. Haverá sempre um ponto que nos distanciará e nos evitará de sermos inteiros nessa relação.
Não é à toa que, para mim pelo menos, empatia – além de um ato de coragem – é, de longe, uma das habilidades mais desafiadoras que existe. Ela vai exigir uma inteireza e honestidade difíceis de exercitar. Porque não é para o outro, é para nós mesmos. E nós somos nossos piores juízes.
A boa notícia é que a cada passo que damos nessa direção (de mergulhar em nós mesmos) para exercitar a empatia, estamos mais perto do que nos conecta com o outro. E conexões salvam vidas e transformam o mundo. E se tem um mundo que precisamos salvar, esse mundo é o nosso próprio.
Coragem!
*Imagem da capa via Canva.