Se pensarmos nas grandes questões da humanidade, das mais complexas às mais simples, encontramos em comum as relações humanas como pano de fundo. Em exemplos como guerra, fome, corrupção, o impacto do humano é claro e direto. Mesmo considerando as questões ambientais e, ainda assim excluindo a destruição e exploração dos recursos naturais, temos a ação do homem em resolver, se adaptar e lidar com os intempéries da natureza.
Assim, podemos extrapolar para as demais situações, no qual o ambiente corporativo não fica de fora. Para uma empresa, seu maior capital é o humano que precisa ser entendido e respeitado na sua individualidade. A partir daí então, estabelecem-se grandes desafios.
O primeiro é ampliar o conceito de “diversidade”. Muito se fala de inclusão e aceitação mas, o que está sendo tratado, são características, muitas vezes, apenas físicas: a diversidade vista como a diferença de um padrão pré-estabelecido. No entanto, ela tem que ser vista como multiplicidade, como escolhas e possibilidades onde TODOS, sem exceção, fazem parte.
Entender que cada um é diferente parece óbvio mas, de fato, é extremamente desafiador. Temos a tendência de achar que qualquer coisa que não nos é familiar, dentro dos nossos padrões, é automaticamente o “diferente” e, não raro, errado. Dificilmente lembramos de que nós somos a diferença para o outro. Isso porque as diferenças não estão (só) no externo. Somos, de fato, pessoas muito diferentes em nossas essências.
Imagina que cada um de nós, no dia do nascimento, ganhou uma mochila de presente que levará em sua viagem pela vida. Nela, vamos colocando todas as experiências, lembranças, aprendizados para usar ao longo da estrada. Mesmo lado a lado, teremos mochilas diferentes, coisas diferentes dentro dela e, por isso, reagiremos de forma diferente usando diferentes ferramentas, ainda que nos deparemos com o mesmo obstáculo nessa caminhada. Essa mochila, com todos os seus elementos, representa a diversidade que cada um carrega.
É então que surge outro desafio: desconstruir a definição de perfeição e todos os padrões que estão nesse pacote. Ou seja, ampliar essa nossa bagagem através do olhar crítico a todos os elementos que estamos carregando para seremos capazes de criar uma nova relação não só com todos a nossa volta, mas conosco.
Para construir relações melhores, precisamos olhar para nós mesmos e perceber nossas imperfeições e diferenças, aprendendo a nos respeitar também. Somente quando olhamos para dentro nós e nos percebemos com toda nossa vulnerabilidade é que podemos olhar para o outro e nos conectar como seres humanos. Assim, temos a oportunidade de perceber como o outro e, então, percebermos e olharmos juntos para o mundo a nossa volta.
Esse é um exercício constante de construção de empatia. A grande descoberta é que a empatia vem da habilidade que temos em nos conectar com o outro, criar esse vínculo, no qual reconheço na outra pessoa algo meu, algo humano, algo que vai nos unir mesmo com todas as diferenças.
Regendo todas as relações, esse novo olhar traz para dentro das empresas a oportunidade de transformar diferenças em multiplicidade, opções e escolhas. Por mais que defina seus valores e um padrão de recrutamento e treinamento, seu capital humano inevitavelmente será diversificado, reforçando a importância de investir no desenvolvimento do potencial empático para transformar o ambiente de trabalho em um local respeitoso com pessoas conectadas entre si, criativas e, por fim, produtivas.