Em meio aos arranha-céus da cidade, vive Yunã. Uma jovem indígena de alma resistente e olhos profundos como os rios que refletem suas raízes ancestrais. Vestida com cores terrosas, Yunã está sempre com seu maracá e adornada por seus brincos de penas, colares de sementes para honrar e carregar consigo a história de seu povo. As penas são como as asas de sua liberdade, lembrando-a que pode alcançar voos altos, e as sementes são símbolos de resistência e sabedoria de todas as gerações de seu povo.
Enfrentar o desafio de migrar para a cidade e ingressar na faculdade não foi uma tarefa fácil, mas também não separou Yunã de suas raízes ancestrais. Quando se sente só, Yunã sacode seu maracá para se lembrar de que nunca estará sozinha e, ao ouvir o som das sementes balançando, sente a ancestralidade em sua pele
Yunã se tornou uma voz corajosa em meio ao caos urbano. Além de estar na faculdade, ela organizou um Centro Cultural Indígena, que recebe jovens indígenas que vivem em contextos urbanos, para organizarem eventos que promovam a compreensão e o respeito à diversidade, preservação de suas culturas e para debaterem sobre os desafios enfrentados na cidade como forma de acabar com o preconceito.
A voz originária de Yunã inspirou muitos indígenas a identificarem seu pertencimento ancestral e a necessidade de se reconectar com seus povos. Mesmo sabendo que estão mexendo em feridas causadas pela colonização, juntos se fortalecem para lutar e ocupar os lugares que foram tomados há 524 anos e sabem que a luta na cidade também é capaz de fazer as raízes culturais florescerem.
A história de Yunã ecoa como um poderoso lembrete de que a cidade não pode apagar os povos originários e isso nutre sua chama interior e fortalece seu compromisso para tornar a cidade mais inclusiva e consciente da diversidade dos povos originários que a compõe. E ela sabe que enquanto balançar seu maracá, haverá indígenas lutando pelas suas causas.
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