Falar sobre equidade de gênero não é possível sem trazer os homens para a conversa. Quando vi o documentário The Mask You Leave In , surgiram muitas reflexões e a certeza de que, para todas as causas de diversidade, só há o caminho de buscar aliados e não fazer inimigos.
Como vou conseguir dialogar com o outro se não consigo entender o ponto de partida dele. Imagine um menino, adolescente, que sempre se espelhou no pai – um homem agressivo, que usa a violência como forma de expressão – e descobre que não quer ser como ele. Como ele desconstrói essa identidade de um dia para o outro? Se não acolhermos e ajudarmos o outro a atravessar essa ponte, dificilmente ele vai conseguir fazer isso sozinho. Ou se conseguir será mais dolorido e demorado.
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O documentário brasileiro O Silêncio dos Homens é um lindo presente a essas reflexões a cerca do homem e da masculinidade no Brasil.
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” Hoje, 83% das mortes por homicídios e acidentes no Brasil são de homens. Vivemos 7 anos a menos que as mulheres e nos suicidamos quase 4 vezes mais. 17% de nós lida com algum nível de dependência alcoólica. Quando sofremos um abuso sexual, demoramos em média 20 anos até contar isso pra alguém. Cerca de 30% enfrentam ejaculação precoce ou disfunção erétil. Homens são 95% da população prisional no Brasil, sendo que a maior parte dos encarcerados são jovens, periféricos e com ausência de figura paterna. Negros e LGBTs sentem muito mais boa parte disso.
Como trazer equidade de gênero se deixo de fora aqueles que estão no centro do poder?
A triste verdade é que os homens sofrem, mas sofrem calados e sozinhos. Hoje, as mulheres – meninas e adolescentes – estão mais preparadas para essa conversa e precisam ajudar a trazer os homens para esse espaço.
Foto de Tim Mossholder.