Quantas vezes na vida você já sentiu medo?
Medo pra mim é uma reação do corpo que nos sinaliza: cuidado, você vai sofrer! E é por isso que olhamos para ele com tanto respeito.
Pois Fidélia não tem escolha: quando o sol nasce, o medo está lá. Quando o sol se põe, o danado continua ali, com cara de deboche como quem diz: “Boa noite. Nos vemos nos seus melhores sonhos ou piores pesadelos!“
Um dia, já cansada de sofrer com a possibilidade do sofrimento, Fidélia olhou bem pra cara daquele medo e pensou: “eu vou mostrar para você, quem manda aqui sou eu!“
Tomou uma de suas doses diárias de autoconhecimento, vestiu-se de determinação e se mandou para a cabeleireira. Chegando lá, só disse duas palavras: bem curto!
De olhos bem abertos, Fidélia foi se despedindo de seus cabelos longos: mecha por mecha. Enquanto as lágrimas escorrriam por seu rosto, ela dizia para si mesma, de cabeça erguida e transbordando fé: “eu carrego no peito a arma mais poderosa contra o medo, o amor de mãe.“
Deve ser por isso que, em alemão, mãe se chama MUTter. Faz todo o sentido.
O corte de cabelo foi simbólico, mas Fidélia precisou passar por aquele ritual para acreditar que, se há situações na vida que não podemos mudar, o amor nos ajuda a encará-las com mais esperança.
Conhecendo Fidélia, hoje eu tenho uma certeza: se fé fosse uma mulher, certamente ela teria cabelos curtos.