Jandira sempre foi estudiosa. Na verdade, mais curiosa que estudiosa. Aquele tipo que os professores gostam mas que, às vezes, enche a paciência de qualquer um. Participa, pergunta e logo entende. Então, se dispersa e começa a conversar. Não faz por mal, mas já entendeu e vai buscar outra coisa para fazer. O duro era quando ficava inquieta na cadeira e derrubava o estojo no chão criando motivo suficiente para a aula virar uma bagunça.
Isso foi ao longo de toda sua vida, mesmo quando estava na faculdade, estudando para ser professora. E assim ela era… Ficava imaginando se ela iria marcar a vida dos seus alunos como seus professores marcaram a sua.
Tinha a professora que era escritora também, com ela escreveu seu primeiro livro na 3a série. O de educação física, que entregou sua primeira medalha no handball. O de português que, a cada bimestre, fazia a criançada recitar um poema, cantar uma música e criar uma nova capa para o livro que leram. Aquela professora de história com cara de brava, mas que colocava todo mundo em cima das mesas como se estivessem numa caravela rumo ao novo mundo. O professor de física que permitiu que ela fizesse as mais lindas esculturas com fio de cobre enquanto ele explicava… ela não sabe o que ele explicava. E, claro que, para química, só pelos lindos olhos azuis do professor.
Hoje, como professora, percebe que sem eles, não seria a Jandira e não saberia lidar com cada um dos seus alunos.