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Laerte e Seu Cartola: um bate-papo pra lá de bom

Laerte é mais um menino como muitos neste MUNDO DE “OZ” (Osasco-SP). Ele tem 10 anos e está no 5º ano vivendo a pandemia do CORONAVÍRUS. Morre de medo da tal COVID-19 e não vê a hora de voltar para a escola. Mas ele sabe muito bem que, neste momento, é preciso ficar em casa, manter o distanciamento social e, se tiver que sair, usar máscara, higienizar as mãos e não se aglomerar em nenhum lugar.

Um dia desses, estava muito triste pensando como se achava estranho, um tanto diferente. Laerte tem vários braços e mais de duas pernas, o que não é nada comum para um menino de 10 anos de OZ. Perdido nos seus pensamentos, Laerte ouve um barulho dentro do seu armário. Dá um pulo de susto!

– Ei! Quem está aí? – pergunta se aproximando sem muita confiança do guarda-roupa.

A porta do armário começa a abrir devagar e, de lá de dentro, aparece uma figura bem incomum. “Nossa! Esse cara é tão esquisito quanto eu!”- pensa Laerte.

No meio do quarto do menino surge uma figura bastante peculiar mas bem conhecida no mundo de Carlotas.

– Olá, menino Laerte! Sou Seu Cartola. – disse o homem magrelo de cartola e suspensório, se desvencilhando das roupas penduradas.

Laerte não conseguia esconder seu espanto e, tudo que ele se achava estranho no minuto anterior, já não achava mais. Estranho mesmo era um homem de bermuda, suspensório e cartola sair do seu armário.

Seu Cartola que já estava acostumado com essas reações, foi logo falando:

– Ah, Laerte! Recolha essa cara de espanto. Estou aqui porque tenho um recado para você. Estamos vivendo um momento bastante complicado – e delicado – hoje em dia. Esta tal de pandemia fez com que a gente tivesse que mudar muitas coisas e reaprender como fazer outras tantas. Mas sabe de uma coisa? Vocês, crianças, são muito inteligentes e têm facilidade com tecnologia. Isso ajudará vocês neste momento.

– Acho que o senhor tem razão. Temos muitas ferramentas tecnológicas, as chamadas TICs, que usamos no dia-a-dia para estudar, falar com os amigos, fazer lição e… matar as saudades. – Laerte já tinha esquecido de toda esquisitice da situação e estava sentado na cama tagarelando com o Seu Cartola.

E continuou:

– Sabe que antes da pandemia, o celular e computador sempre plugados na internet já faziam parte da minha vida? Eu amava estar sempre online. E o que eu não sabia as Pros me ensinavam. Sabe que eu tenho vários professores que entendem tudo dessas coisas, né? E quando falaram que teria aulas remotas, achei o máximo. Um sonho! – e desanimado completou – Mas aos poucos foram surgindo os problemas, aula de Português, Matemática, logo depois Educação Física. E mais problemas: falta de internet e dados para navegar, o celular descarrega, de repente, tudo trava… Pelo menos, eu tenho muitos braços e três pernas para dar conta de tudo.

E Laerte fez uma pausa grande antes de falar:

– E a falta dos amigos…ah essa doeu!

Seu Cartola sabia muito bem o que Laerte sentia. Muitas vezes, ele ajudava as pessoas a entender seus sentimentos. Identificar o que passa dentro da gente não é uma tarefa fácil. Parece que invade nosso coração e tudo ganha vida sem a gente querer.

– Laerte, que difícil e importante esse momento. Você, além de aprender muito nesse período, está podendo se conhecer melhor e descobrir seus sentimentos. Preste atenção no que sente e onde sente quando lembra da alegria ao iniciar as aulas.

– UAU! A alegria parece borboletas voando dentro de mim, fico leve, dá vontade de saltar sem parar, Seu Cartola.

– E se pensar na tristeza de não estar perto da turma fisicamente?

– Quando penso nos amigos longe… é um nó aqui dentro, parece que alguém está apertando meu peito e me dá vontade de virar uma bolinha, assim todo encolhido num canto.

– E quando a internet cai, como é esse sentimento que vem?

– AAAAAAAHHHHHHH! QUE RAIVAAAAAAA! Vem uma explosão de dentro pra fora que parece que cresço um metro.

Seu Cartola e Laerte passaram a tarde conversando. O menino fez descobertas incríveis. Reconheceu que o uso das TICs não é tudo na vida e que amigos e familiares por perto faziam uma falta enorme chamada saudade.

Laerte sabe que ainda não pode voltar para sua escola e nem para aquele MUNDO DE “OZ” em que vivia livremente. Mas ele continua acordando cedo e se dedicando aos estudos. Enquanto espera pela vacina, muita FÉ, vez ou outra ele dá uma espiada no armário para ver se não aparece aquele homem tão estranhamente simpático que o ajudou a entender o que passava dentro dele.

Laerte só sabe que o homem prometeu voltar assim que tudo voltar a ser como antes e que ele virá para fazer uma grande festa mundial comemorando o fim da pandemia com muitos balões em forma de coração e com a palavra PAZ!

**Conto escrito em colaboração com os alunos dos 5º anos de 2021 da EMEF Prof. Laerte José dos Santos.**

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