Lista viva de palavras pejorativas que deveriam cair em desuso

Na nossa newsletter de outubro utilizamos uma palavra que deveria cair no desuso: denegrir. Você sabe o significado dela? Tornar negro a reputação de alguém, referindo-se a cor negra como algo ruim. A palavra passou despercebida pela criadora e revisora do conteúdo, porque todos somos vulneráveis e temos padrões enraizados que precisam ser trabalhados.

Em Carlotas, nós procuramos agir com o máximo de respeito, pois acreditamos que somos todos diferentes, nem melhores nem piores, apenas diferentes. Mas anos de padrões inadequados ainda nos impactam. Para alguns são apenas palavras, mas quando associadas aos seus significados de origem entendemos que devemos parar de usá-las. Elas representam um passado que deveria ficar nos livros, nos relatos históricos, para observarmos a nossa evolução como seres HUMANOS.

Para educar a todos, inclusive nosso time, iniciamos uma lista de palavras presentes no nosso vocabulário que acompanham alguma forma de preconceito (Esta é uma lista viva e contamos com sua colaboração para atualizá-la sempre – mais informações no último parágrafo).

Aleijado – Representa pessoa deformada fisicamente, algo imperfeito que deve ser separado da sociedade. O termo indicado é pessoa com deficiência física, se estiver na cadeira de rodas, pode ser cadeirante.

Baianada ou “coisa de baiano” – Termo associado a situações de mau gosto ou manobras ruins. Alguns estados do Brasil também tem rixas entre si e tem seus próprios termos para expressar preconceito, como é o caso de São Paulo e Rio de Janeiro, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.

Cor de pele – Aprende-se desde criança que “cor de pele” é aquele lápis meio rosado, meio bege. Mas é evidente que o tom não representa a pele de todas as pessoas. No Brasil 53% das pessoas se declaram pardas ou negras (IBGE 2014).

Denegrir – Significa tornar negro à reputação, destruição de imagem. Na década de 1960 surgiu o movimento Black is beautiful (Negro é lindo), a forma positiva de falar.

Doméstica – No período de escravidão, os escravos eram tratados como animais rebeldes e que precisavam de “corretivos”, para serem “domesticados”. Que tal especialista em limpeza e organização?

Drogado – Evite o termo, assim como drogadito ou viciado. Troque por usuário de drogas ou dependente químico.

Gordice – Essa palavra fomenta a gordofobia e é vista como pejorativa. Não é “gordice” é só comida, guloseima, delícias. Por @raquelicias e adicionado aqui dia 20/11/19

Homossexualismo – O peso do sufixo “ismo” quase caracteriza como doença. Troque por homossexualidade, homossexual, gay. Jamais use bicha, viado e outras expressões pejorativas.

Judiar, judiação – Um verbo de carga depreciativa, significa “tratar como os judeus foram tratados”, “maltratados como os judeus”. Troque por maltratar e torturar.

Mendigo – O termo indicado é pessoa em situação de rua, pois aquela é apenas a sua situação atual, e não que ela é uma moradora da rua, que viverá assim para sempre.

Mongoloide, débil mental, retardado – Exclua da sua vida estes termos. Mesmo se não estiver se referindo a uma pessoa com deficiência intelectual.

Mulato – A mula é um animal híbrido, resultado do cruzamento do cavalo com a burra, ou asno com a égua. O termo passou a ser aplicado ao filho do homem branco com a mulher negra. Comparar ser humano com outro animal é sempre perigoso, tenha cautela até mesmo em caso de elogio.

Opção sexual – Estudos apontam que uma pessoa não escolhe sua opção sexual, ela é! Substitua por orientação sexual.

Portador do HIV ou de deficiência – Portar significa levar algo possível de ser retirado do contato com o corpo quando se quer. Celular, bolsa, relógio,… Ninguém porta deficiência, vírus e bactéria. Prefira soropositivo ou pessoa com deficiência.

Observo que hoje, em 2019, muitas palavras populares no fim do século passado, na década de 1990, já caíram em desuso, porque a língua é viva e sofre constantes transformações. Muitos chamam de “mimimi”, que está chato viver nos dias de hoje, mas quando analisamos as expressões acima, e muitas outras, entendemos porque elas não devem atravessar a próxima década. Precisamos pensar melhor no significado das palavras antes de usá-las, pois toda palavra carrega uma carga e ela pode ser ofensiva para alguém.

Gosto muito da reflexão do Joseph Campbell sobre nosso tempo:

“A nossa é uma época muito interessante: não há modelos para nada do que está acontecendo. Tudo está mudando,…Temos o potencial de criar um futuro com uma sociedade mais justa e consequentemente inclusiva, mas para isso precisamos atuar de forma consciente, com respeito e empatia. Se pensarmos bem, remover algumas palavras do nosso dia a dia não dá trabalho algum.

Sentiu falta de alguma palavra neste texto? Escreva nos comentários ou mande para o info@carlotas.org expressões ou palavras, com seus significados, que nós iremos inserir neste texto, assim geramos uma lista viva realizada por pessoas diversas.

 

Se quiser saber mais sobre nossos projetos ou se tiver interesse em contribuir de alguma forma com conteúdo alinhado ao nosso propósito ou ideias, envie-nos uma mensagem que entraremos em contato com você o mais rápido possível!.