Lugar de fala – todo mundo tem o seu

Lugar de fala

Lugar de fala sempre foi algo que me chamou atenção. Minha sensação é que muita gente acaba usando essa expressão para se isentar de entrar em discussões “indigestas”, se posicionar, usar seu lugar de privilégio para levar o tema a ambientes inóspitos.

É muito confortável para uma pessoa branca dizer que não tem lugar de fala em uma discussão sobre o racismo, sendo parte do grupo que se beneficia dele, né?

Você sofre racismo? Não!

Isso te dá o direito de não discutir o tema e pensar criticamente na sua relação com ele? Não também!

Durante o CDIC – Congresso de Diversidade e Inclusão Corporativa, o Adriano Bandini citou uma fala do Mário Sérgio Cortella que diz:

“’Falar sobre,’ você fala de fora. ‘Falar de’, você fala de dentro”.

Essa frase ficou martelando na minha cabeça e trouxe muito sentido para essa conversa.

Claro que as pessoas que vivenciam determinados temas, que fazem parte de grupos minorizados podem – ou melhor, devem – ser ouvidas e priorizadas em conversas de diversidade, equidade e inclusão para trazerem suas experiências e sua propriedade. A discussão não é nem nunca será sobre isso.

O que eu quero que você reflita é que lugar de fala não significa apenas representatividade. 

Significa você se responsabilizar e se posicionar em discussões partindo do seu lugar.

Você, homem hetero, não vai falar de homofobia, porque não sente na pele o que é isso, mas você pode falar sobre ela no seu grupo, levantar reflexões, se posicionar quando aquele camarada faz uma piadinha sem graça.

Eu, mulher sem deficiência, não vou falar jamais de capacitismo, mas vou discutir sobre o quanto inferiorizar ou subestimar as pessoas com deficiência, pré-julgando que elas não são capazes de realizar determinada atividade por conta de suas características é algo absurdo e inaceitável.

Exclua do vocabulário o “eu não tenho lugar de fala”. Como diz Djamila Ribeiro:

“Todo mundo tem lugar de fala porque todo mundo está localizado socialmente”.

Entende aonde eu quero chegar?

Para tornarmos DE&I parte do nosso dia a dia, precisamos naturalizar as conversas e discussões, e não faremos isso nos abstendo. 

Precisamos debater sobre, sem nunca deixar de incentivar e amplificar a voz daqueles que podem falar de.

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