Meu boneco favorito. Um lindo conto sobre inclusão

Meu boneco favorito

Era hora de faxina, mãe e filho estavam em uma discussão tremenda. Dona Joana sempre com a história de jogar os brinquedos quebrados no lixo:

– Mãe, se eu quebrar a perna, você vai querer me jogar fora?

– Não filho. Levarei você ao médico para ele examinar, provavelmente você ficará de repouso com gesso e sua perna ficará melhor.

– Então vamos fazer isso com o Akin! Ele é meu boneco favorito!

Consertaram Akin com arames e parafusos, Kauã e seu companheiro puderam unir forças novamente para combater os invasores do seu reino, organizaram uma grande equipe para enfrentar grandes monstros, no outro dia lutaram contra alienígenas, e assim passaram-se os meses entre gigantes malvados, animais famintos, feras do pântano, cobras do mar e tantos outros. Com seu foguete, Kauã e Akin viajaram pelo espaço na constelação de Hércules, visitaram o maior planeta do universo: o TrES-4. Enfrentaram Faraós e Múmias quando viajaram pelas pirâmides do Egito e, em meio a tantas descobertas, preparavam-se para uma batalha épica no México.

Em uma manhã de frio, ainda de pijama, Kauã engoliu em uma mordida só o pão com geleia e em dois goles virou o copo de leite, Akin assistia da mesa, enquanto esperava seu amigo inseparável tomar café. Kauã procurava por um avião e outros acessórios na caixa de brinquedos, afinal, para enfrentar os gigantes e destemidos, ele precisava de equipamentos. No quintal de sua casa, montou o vale dos dinossauros e a batalha começou.

Akin pilotava seu avião em círculos para deixar o Tiranossauro Rex tonto, seu plano parecia dar certo, porém, o dinossauro enfurecido revidou com uma cabeçada que fez Akin voar para bem longe. Kauã encontrou o amigo acidentado perto do portão da garagem, os parafusos de seu boneco soltaram-se e sua perna nunca mais foi encontrada.

Para o seu desespero, faltava poucos dias para o dia da faxina, Kauã escondeu Akin embaixo de uma pilha de livros, atrás do Bob, o ursão, mas não teve jeito…

– Esse vai para o lixo! – disse a mamãe.

– NÃOOOOOO!!!! – disse o menino aos prantos.

– Filho, mas esse brinquedo não tem perna… – mamãe tentou confortar.

– Mãe, eu amo o Akin, ele é meu amigo! – Kauã tenta mais uma vez convencer sua mãe.

– Kauã, seu brinquedo está todo detonado, não dá nem pra doar, ninguém vai querer esse boneco todo quebrado! – insistiu mamãe.

– Mamãe, se eu perder minha perna, ninguém mais vai querer ficar comigo? Brincar comigo?

Dona Joana abraça seu filho e responde com carinho:

– Não filho, se isso acontecer, você iria fazer tratamento e nós iríamos arrumar uma cadeira de rodas pra você. – respira fundo – Nunca desistirei de você!

– Já sei! Posso colocar o Akin no meu carrinho, assim ele poderá andar pra todo lado…

– Você me convenceu Kauã, fique com ele.

Kauã e Akin explodiram de alegria e um abraço carinhoso selou a amizade de tantas aventuras e descobertas. A criança foi logo procurar nos brinquedos e na caixa de sucata materiais para fazer o melhor carrinho que seu companheiro poderia ter, pois ele queria um carrinho à sua medida. Foram mais de três meses, o avô fez junto com o neto, desde o projeto até cada peça apertada. O resultado ficou encantador! Finalmente Kauã e Akin
poderiam fazer novas viagens e viverem novos episódios.

Em uma tarde de verão, a mãe de Kauã o chamou para uma conversa séria. A criança ficou sem entender porque a mãe estava com uma cara de brava.

– Kauã, hoje, uma amiga da mamãe virá nos visitar e blá blá blá blá blá blá blá blá blá blá… Quero que brinque com o seu filho, você entendeu?

Distraído com Akin e suas aventuras, Kauã olhou para sua mãe e sem ouvir uma palavra percebeu suas sobrancelhas fechadas, com certeza o menino iria arrumar um problema danado se contasse para Dona Joana que não entendeu bulhufas, por fim resolveu concordar:

– Claro mãe, deixa comigo!

Sueli chegou com seu filho Artur e logo começaram a brincar.

Kauã apresentou a Artur seu melhor amigo Akin, e contou um pouco de suas aventuras e histórias. O coração de Artur mudou o compasso e sua boca ficou entreaberta, encantado o garoto pede para brincar com o boneco.

– Tudo bem, mas só enquanto estiver aqui em casa, eu não consigo me separar do Akin, é meu melhor amigo!

Kauã continuou e contou para Artur como se sentiu apavorado quando sua mãe
queria dar embora o brinquedo.

Artur falou que gosta muito de passear e que viajou recentemente para Bahia, para visitar seu avô! Akin então aprendeu alguns golpes de capoeira, e na caixa de brinquedos Kauã encontrou animais como cavalos, bois e vacas para a incrível jornada dos vaqueiros do sertão.

Já no fim do dia, Sueli chamou seu filho para ir pra casa, interrompendo a brincadeira,
Artur sente um aperto na garganta e pede para ficar mais um pouco:

– Filho, você brincou com o Kauã a tarde inteira, precisamos ir pra casa, seu pai nos espera com o jantar!

– Mãe, podemos voltar outro dia?

– Sim, você pode convidar o Kauã para passar uma tarde em casa também!

– Ebaaa— diz Artur eufórico.

Ao ir embora, os olhos de Artur pareciam duas estrelas, de tanto que brilhava, com alegria sussurra no ouvido de sua mãe:

– Mãe, mãe, o brinquedo favorito do Kauã é igual a mim!

 

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