Não fazer o mal não é fazer o bem

Não sei quem é o autor dessa frase, nem me lembro de onde ou quando a descobri. Procurei na internet e encontrei algumas variações dela, não exatamente dessa forma. Estou super disposta a dar o crédito ao autor quando encontrar, até lá atribuo a uma daquelas sabedorias do inconsciente coletivo. Mas, autoria a parte, o fato é que, para mim, ela é muito forte porque trata da nossa omissão cotidiana diante das coisas erradas que vemos e, simplesmente, não reagimos.

Faça uma lista das coisas que te incomodam no mundo: guerras, corrupção, pobreza, violência… Essas questões mexem conosco profundamente ao mesmo tempo que nos paralisam pela magnitude que têm e reforçam nossa pequenez diante delas. O que na prática eu posso fazer em relação a isso? Provavelmente muito pouco que cause um impacto grande. Agora, se você pensar nas suas ações do dia-a-dia, quantas coisas – pequenas coisas – você faz ou deixa de fazer que poderiam impedir o mal? Impedir o mal? Como se, diretamente, não estamos fazendo mal? Podemos não fazer o mal, porém, tampouco estamos fazendo o bem.

Me dói, todas as noites, pensar nas decisões que tomei, sejam com as melhores intenções, que deixei de me posicionar, defender ou até ter um gesto de bondade ou ajuda. Não fiz o mal, mas tampouco fiz o bem.

Me dói saber que alguém ignorou normas de segurança e se omitiu permitindo que centenas de pessoas morressem, ou ver lugares superlotados arriscando vidas até que um acidente acontecesse, ou mesmo filas duplas e cruzamento de ruas bloqueados, ignorando a necessidade do todo, ou ainda o imposto sonegado, o troco não devolvido, a música baixada sem autorização.

Definitivamente, não fazer o mal está longe de fazer o bem porque, para fazer o bem, precisamos deixar de pensar em nós e olhar o outro, pensar no impacto das nossas ações e decisões. É fácil? De jeito nenhum. Somos humanos, falíveis e, falando de uma forma simplista, tendemos a decidir o que é melhor para nós no curto prazo, seja evitando conflito ou permanecendo na nossa zona de conforto. Qualquer coisa que nos ajude a sobreviver. Mas vamos viver mais que o curto prazo e, para isso, precisamos uns dos outros.

Um dos exercícios mais desafiadores é se colocar no lugar do outro com compaixão. Considerar o outro nas minhas decisões faz uma enorme diferença porque deixo de me desculpar – não fiz o mal – para assumir a decisão tomada – foi o melhor que pude fazer. Mais do que não praticarem o mal para mim, quero que me façam o bem, afinal eu também sou o outro para alguém e, definitivamente entendo que não fazer o mal não é fazer o bem.

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