Essa é a história de um menino azul que já nasceu coitado.
Era especial. Além de azul, era pequeno e com o rosto amarrado.
Como poderia sobreviver? Mas, continuava a crescer o pivete.
E um pouco atrasado, quase que sem querer, disse sua primeira palavra aos sete.
Todos calaram de espanto! – “Mas ele não tem boca para falar!”
Gritou a madrinha do canto. A mãe pôs-se a chorar.
Nesse dia, ele percebeu o por todos já sabido.
Era estranho e diferente.
“Amanhã cedo, vamos ver um médico conhecido!”
Não dormiu naquela noite a cerrar os dentes.
Médicos, padres e o santo no terreiro.
Até que concluiu que, da sua espécie, era o primeiro.
Agora, ele era só estudos. E os seus amigos eram cientistas e doutores.
“O que há de diferente em mim?” A resposta é a cura de suas dores.
Com vinte e oito anos, ainda não descobrira.
Aos trinta e seis, só trabalhava esse tema.
Festejou seu quinquagésimo aniversário com muita ira.
E então percebeu: se não há solução, não há problema.
Foi naquele dia, que o menino azul voou.
Parou de pesquisar, estudar e questionar.
Comprou sua primeira bicicleta e se mudou.
Hoje, nem eu sei onde o encontrar.
Aprendeu que é diferente o que cada um vê.
Que sua vida é você quem monta.
E o que os outros pensam de você,
não é da sua conta.