No dia 21 de janeiro comemoramos o Dia Nacional de Combate à Intolerância Religiosa. No seu livro Intolerância Religiosa – Sidnei Nogueira entende que a expressão intolerância religiosa tem sido usada para descrever um conjunto de ideologias e atitudes ofensivas a crenças, rituais e práticas religiosas consideradas não hegemônicas. Práticas essas que somadas à falta de habilidade ou vontade em reconhecer e respeitar diferentes crenças de terceiros, podem ser consideradas crimes de ódio que ferem a liberdade e dignidade humanas.
Intolerância Religiosa começou na colonização
Sabemos que o desrespeito à Religião do outro vem de longa data. Manter sob domínio os habitantes que aqui já estavam bem antes da chegada dos colonizadores é fazer com que seus rituais fossem apagados. Fica claro esse ponto se observarmos o quadro que retratou a primeira missa no Brasil de Victor Meirelles. Pintura essa que esteve presente no meu livro de história.
A violação da liberdade Religiosa apaga histórias
Caminhando um pouco mais, faço menção aqui de toda a riqueza cultural e religiosa que os negros escravizados tiveram que esconder e que ainda hoje são vítimas de preconceitos e violências em razão da sua crença.
A violação da liberdade religiosa produz guerras, espalha o ódio, separa pessoas e apaga histórias. Conhecer as religiões é uma maneira de desconstruirmos um imaginário criado sobre o bem e o mal. É muito mais do que tolerar, pois nas palavras de Sidnei: “a tolerância é apenas um anestésico, um movimento fantasioso que quer fazer crer que somos todos iguais e que podemos nos suportar sem que nos compreendamos, sem que nos olhemos nos olhos e sem que tenhamos o mínimo de empatia por realidades diferentes e fora dos padrões hegemônicos cristãos.”
Intolerância Religiosa: Nosso caminho é Educar, Respeitar e descontruir.
Temos um longo caminho a ser trilhado. Enxergar o outro com as suas diferenças desconstruindo aquilo que para nós é uma verdade absoluta, ter curiosidade de conhecer outras histórias, religiões, cultos, é o mínimo para que todas, todos e todes possam ter a sua fé respeitada. O outro que é diferente de mim não é meu inimigo por ser diferente. Ele é apenas o outro que não sou eu.
Gostaria muito de trazer no próximo ano um novo olhar para esse tema. Sei que não há algo pronto para isso. Acredito que o novo virá com a educação. Desconstruir nossas posturas ofensivas é nos abrirmos para esse processo de maior coexistência de todas as diferenças. E essa desconstrução advém da responsabilidade de nós adultos como também da maneira que esse tema é ensinado para as crianças, que serão no futuro, os próximos cidadãos para mudar o que ainda não conseguimos reverter.