Olá, leitores e leitoras de Carlotas!!!
Finalizamos mais um mês no ExploreCarlotas. Dessa vez, o foco foi falar sobre as violências no contexto escolar. Estamos todos e todas preocupados com os ataques e ameaças que ocorreram nas escolas nas últimas semanas. Ouvimos muitos relatos de coordenadoras mencionando que as famílias estão com medo de levar seus filhos para a escola e, portanto, muitas crianças e adolescentes voltaram a ficar em casa.
Sendo assim, direcionamos nossas ações do Programa Explore para criar espaços seguros de diálogo com algumas escolas parceiras sobre o tema. Dentro das formações com o corpo docente, perguntamos aos professores e professoras o que eles sentem e pensam quando escutam a palavra violência. Entre as respostas ouvimos: medo, angústia, agressão, falta de respeito, insegurança…
E se nós fizéssemos a mesma pergunta para vocês que nos acompanham? O que vocês sentem frente a todo esse movimento?
Nas palavras da OMS (Organização Mundial da Saúde), violência “É o uso intencional de força física ou poder, real ou como ameaça contra si próprio, outra pessoa, um grupo ou uma comunidade, que resulte ou tem grande probabilidade de resultar em ferimentos, morte, danos psicológicos, desenvolvimento prejudicado ou privação.”
A partir desses encontros e da situação relatada pelas escolas, sentimos que era hora de ampliarmos nossa reflexão sobre esse tema. Reconfiguramos um material – Guia de Fortalecimento da Escuta da Infância para Prevenção da Violência com o objetivo de trazer reflexões e pontos de apoio na escuta das crianças em diferentes contextos. Clique aqui para baixar.
Como estão nossas crianças e jovens?
O que é ser criança e adolescente em contextos de convivência escolar neste momento?
Quais espaços elas(es) estão ocupando?
Quais são as suas necessidades?
Como trabalhar a rede de proteção da infância a partir da escuta?
Essa versão deste material irá nos ajudar a pensar em como usar esses conhecimentos e ferramentas para fortalecer nossos vínculos e apoio às crianças em meio a tanta violência.
Outro momento importante deste mês em nosso Programa foi um encontro com as Comissões de Mediação de Conflitos da DRE Santo Amaro. Carlotas teve a alegria de conduzir um encontro formativo com os educadores que fazem parte das comissões, convidando-os a refletirem e aprofundarem o olhar sobre a relação de cuidado e o papel do mediador. Antes de olharmos para a relação de cuidado com o outro, refletimos sobre o nosso cuidado.
O que você tem feito física, emocional, mental e socialmente para se cuidar?
Trouxemos algumas práticas referentes a essas nas 4 esferas do autocuidado, como a respiração, alongamento, exercícios, leitura, conexão com a natureza, repertório emocional, o diálogo, o respeito aos limites e a abertura para um espaço de escuta. O cuidado que tenho com o meu corpo é fundamental para que possa olhar para essa relação de cuidado com o outro.
E na educação? De que forma esse cuidado é tratado?
Nas palavras de Paul Smeyers – “Cuidado é um conceito central para a educação. Ele envolve confiança, particularmente na relação aluno professor, para sustentar um ambiente seguro de aprendizagem.”
Sendo assim, educar e cuidar estão interligados e tem como propósito desenvolver a identidade e autonomia dos alunos e alunas. Na mediação, a escuta atenta, o respeito na fala, a criação de vínculo são atitudes de cuidado do mediador. E é através da criação e manutenção deste espaço seguro que surgem possibilidades de trocas verdadeiras capazes de transformar ambientes violentos em ambientes saudáveis.
Não foi um mês fácil, no entanto, foi mais uma oportunidade de fortalecer a importância do trabalho que temos traçado em parceria com as escolas nos últimos anos. Fica evidente a urgência em não só dialogarmos muito sobre esse tema, como construirmos e reforçarmos dia a dia uma cultura de paz, respeito e acolhimento nas relações escolares. Todo momento de escuta e troca são oportunidades de priorizarmos a não-violência, e para isso, começamos com cada um de nós.