Todo filme é um exercício empático. E no surrealismo do filme Pobres Criaturas é possível potencializar ainda mais essa experiência. O filme foi dirigido por Yorgos Lanthimos, baseado no livro homônimo de Alasdair Gray, e conta a história de Bella Baxter, interpretada lindamente por Emma Stone.
Bella foi criada por um cientista, ela tem o corpo de uma mulher adulta com o cérebro de um bebê. Conhecemos ela ainda como uma criança, aprendendo a falar, andar e ainda fazendo birra quando contrariada. O seu criador preocupado com o desenvolvimento do seu experimento, resolve socializar sua criatura e permitir que ela conheça a vida fora da casa que ela foi concebida.
Em um mundo às vezes preto e branco e outras vezes multicolorido, mergulhamos em um cenário futurista e Vitoriano ao mesmo tempo, em algum lugar no final do século XIX. O mundo criado por Yorgos é envolvente e nos permite acreditar nessa história tão fantasiosa.
Tudo isso nos possibilita ver o mundo com o olhar da Bella, como uma criança curiosa no corpo de uma linda mulher. Vemos ela descobrir sua sexualidade, o prazer e a filosofia. Também o capitalismo, a misoginia e tantos outros conceitos um tanto absurdos que aceitamos diariamente.
A atriz, Emma Stone, afirmou que a personagem permitiu que ela olhasse a vida de uma maneira diferente. A Bella a ajudou a entender que os acontecimentos, bons ou ruins, são igualmente importantes, ambos necessários.
O filme tem esse efeito com o(a) espectador(a) também, despindo nosso olhar das complexidades impostas a todas as pessoas. Um convite a vermos as construções como a Bella, livre e liberta de qualquer preconceito.
O filme também despertou em mim uma indagação que deixo para o próximo texto, mas adianto aqui caso alguém também tenha pensado isso. Pobres Criaturas ilustra como uma mulher com capacidade mental de uma criança é o desejo e sonho de muitos homens (e de uma cafetina).
Bella é aprisionada múltiplas vezes e constantemente tem pessoas lhe dizendo como agir, reagir e até o que falar. Mas ela, uma criança despida de malícia e sem se importar com a opinião alheia, responde como tal.
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