Oremos por Paris! E por aqueles que serão confundidos com os disseminadores do ódio, seja pela aparência, pela cultura, pelos hábitos. Porque o ódio não é algo de um país, de uma civilização e, menos ainda, de uma religião.
O ódio é da pobreza de espírito, da incapacidade de se ver no outro, do altruísmo verdadeiro, real. E isso não está entremeado na barba ou no véu. Não culpemos, mais uma vez, o corpo, o livro, a veste. O ódio é ainda mais simples do que isso. Ele está travestido de discursos sedutores, de pequenas cápsulas que se disseminam dia a dia contra qualquer diferença, qualquer cor, raça, credo, nacionalidade, condição social, cultural, orientação sexual diversa, e vem dos lugares de onde menos esperamos. Do bullying na escola, do assédio moral, da violência sexual em casa, da indiferença das ruas.
Que a resposta dada por Paris seja a das palavras, da cultura, dos direitos humanos, do discurso aberto, que possibilita um mundo muito maior, sem fronteiras culturais. Que a resposta dada seja, de fato, entender que não há necessidade de se ter medo de nós mesmos.
Porque se voltássemos o relógio, naquele momento, 20, 30, 40 anos, todos seriam, naquelas ruas, apenas crianças. E então, me pergunto: o que foi, nesta trajetória que traz todos nós até aqui, e que nos dividiu da seguinte forma: os que estavam dentro do bar com amigos e os que atiravam, da rua?
Há que se ter medo da fome, da dor, da tristeza, da solidão e do desamparo, da falta de uma educação real. Porque isso é, de fato, o que aciona a arma e ativa a bomba. E que não convida para que todos nós possamos comemorar a vida dentro de um bar em uma simples sexta feira.