Terminei de assistir a série documental “Por que Odiamos?” e fiquei com um aperto no coração. Produzido por Steven Spielberg, traz várias reflexões e hipóteses que tentam explicar esse comportamento tão primitivo e presente na humanidade. O coração apertado é a impotência de que, mesmo em meio as explicações científicas, tenho muita dificuldade em aceitar tantas demonstrações de ódio, ainda nos dias de hoje. Assista ao trailer:
No primeiro episódio são resgatadas as origens biológicas do ódio. Quando vivíamos nas cavernas, sob ameaça constante, era uma questão de sobrevivência evitar e se proteger do diferente. Num ambiente com poucos recursos, o cérebro dos nossos antepassados aprendeu a competir com outros grupos para preservar suas vidas.
Os anos passaram e a sociedade mudou, no entanto, pouco evoluímos em termos de comportamento. Continuamos nos fechando em pequenos grupos, evitando quem não é igual a gente e tentamos nos sobressair diminuindo o outro. Essa é a temática do segundo episódio: o tribalismo – toda a forma de identificação em grupos (time de futebol, partido político, cidade, país, etnia…)
O terceiro, traz a reflexão sobre a manipulação que espalha medo e distorce as informações. A criação de um inimigo comum perigoso, transforma qualquer um em uma ameaça em potencial.
Daí, aparece o extremismo como tema do episódio seguinte. Um comportamento que é claramente intencional e exige tempo e recursos para promover. Uma pessoa com ideias extremistas não aparece da noite para o dia. Isso é uma construção permissiva de um grupo que simplesmente desumaniza qualquer outro. Isso me leva a pensar o quanto autorizamos pequenas doses de maldade e injustiça se instalarem. Esse capítulo em especial, me fez conectar com o livro do Simon Baron-Cohen, The Science of Evil.
“Aquele que não pune a maldade, apóia sua ação”. Leonardo da Vinci
Fechando o documentário, o último episódio se dedica a cooperação e paz. Traz a esperança que somos feitos para reagir às ameaças mas também somos feitos para colaborar e cuidar. Apesar dos desafios, somos seres sociais e temos dentro de nós essa capacidade fantástica de perceber o outro, de identificar atos de maldade e a empatia.
Para mim, é na empatia que começa e termina toda a chance de transformarmos o ódio em amor. A empatia vem como uma ferramenta fundamental para ver a humanidade do outro. Ajuda a ampliar suas referências convivendo com outras religiões, etnias e orientação sexual. E, ainda assim, se nossa incapacidade de lidar com o diferente de nós for maior que nossa capacidade de cooperar, a empatia traz o respeito e a possibilidade de coexistirmos de forma pacífica.
Não é um documentário leve mas é essencial para que cada um possa identificar seus desafios em respeitar e contribuir para ambientes mais harmônicos. Recomendo!