Em celebração ao dia da mulher, a Cacica Irakanã Wassú organizou uma vivência muito especial na Aldeia Wassú Cocal, localizada em Guarulhos: 1ª roda de saberes ancestrais para mulheres.
Irakanã, junto a outras parentes, pensou em cada detalhe com muito carinho, amor e dedicação. Além de ser uma oportunidade para nutrir o feminino e compartilhar saberes ancestrais, o propósito da vivência também foi o de angariar recursos para aprimorar a cozinha da aldeia.
O evento proporcionou um espaço seguro e empoderador para discutir a saúde da mulher e os cuidados com o corpo. Ofereceu uma conexão profunda com a natureza e uma oportunidade valiosa para fortalecer a identidade cultural indígena e resgatar a autoestima feminina, muitas vezes abalada pela marginalização dos corpos e culturas.
Para enaltecer os conhecimentos tradicionais de cura das mulheres indígenas, tivemos a presença de Simone Takuá, Guarani Mbya, que compartilhou seus saberes sobre fitoterapia e plantas medicinais. Simone nos presenteou com reflexões sobre os ciclos sagrados da mulher e a beleza dos ritos de passagem do ser menina, mulher e anciã.
Quantas de nós crescemos sem conhecer nossos corpos e entender os nossos ciclos?
E, enquanto isso, a sociedade insiste em nos desvalorizar e impor padrões que minimizam a nossa própria essência. Deixamos as sabedorias ancestrais de lado para consumir toxicidade imposta pela indústria diariamente.
Somos levadas a nos desconectar de nossos corpos. A seguir um padrão que nos adoece física, mental e espiritualmente e seguimos constantemente fazendo isso, porque nos fizeram acreditar que era o ideal. Mas que ideal é esse?
Retomar as práticas tradicionais indígenas para o cuidado feminino é retomar os nossos corpos, é um ato de resistência. A reconexão com os ensinamentos ancestrais permite a celebração da feminilidade e reencontro com nossos corpos habitados com amor e carinho. Essa foi a reflexão que a cacica Irakanã nos deixou como presente.
Nós, mulheres, somos portais entre os mundos, precisamos conhecer nosso corpo, recolher para fortalecer, cuidar de todas as nossas fases e ciclos com carinho. Devemos ter a liberdade de ser quem quiser ser e ter orgulho de ser o que se é.
Não é fácil ser mulher em uma sociedade que coloniza e coloca incessantes barreiras e proibições que refletem uma estrutura profundamente enraizada no machismo e patriarcado.
Ser mulher é uma jornada desafiadora por si, ser mulher indígena é ainda mais. Precisamos descolonizar esse território corpo. É aqui a morada da nossa cura.
Deixo aqui a página da Simone Takuá, para que mais mulheres possam ter a oportunidade de conhecer plantas medicinais para os cuidados femininos.
Aqui você pode conhecer um pouco da Aldeia Wassú Cocal e se permitir conhecer os saberes ancestrais com as mulheres indígenas.
Aguyjevete!
(Expressão Guarani que, em seu sentido amplo, significa gratidão).
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