Documentário mostra iniciativas brasileiras que fogem do modelo tradicional de educação e conseguem inovar.
É quase uma unanimidade a afirmação de que “o modelo atual de ensino motiva pouco os alunos, educadores e pais”. Inovar é preciso, mas diante de desafios como ENEM, vestibular e um mercado de trabalho bastante competitivo, muitas instituições e famílias continuam apostando no modelo tradicional, quase industrializado da educação, em que um professor ensina da mesma maneira turmas de alunos, todos diferentes entre si, por anos consecutivos.
É sobre as escolas que estão desenhando um novo modelo que trata-se “Quando Sinto que Já sei”, filme idealizado pelo empreendedor social Antonio Sagrado Lovato e financiado coletivamente pelo Catarse.
O documentário traz diversas iniciativas brasileiras alternativas ao sistema convencional de ensino e mostra ao expectador que é possível fazer diferente na educação, já que isso não depende de verba e espaço, mas refere-se muito mais à vontade de construir verdadeiras relações humanas, ao vínculo que se estabelece entre aluno e professor, à afetividade e ao respeito que envolvem o processo de aprendizagem.
Para mostrar que a escola é muito mais do que o que acontece dentro sala de aula, Antônio Sagrado buscou depoimentos de educadores, pesquisadores de educação, empreendedores sociais, pais e alunos que enxergam uma mudança de cenário se aproximando. Neste panorama de valorização e respeito à diversidade, os professores passam a ser provocadores de interesses e facilitadores da aprendizagem. Já o aluno, como investigador, aprende enquanto desenvolve suas próprias metodologias de estudo.
Em comum, essas iniciativas apostam na autonomia, responsabilidade, liberdade, colaboração, respeito e solidariedade do aluno desde a primeira infância, fugindo do modelo atual, em que basicamente o professor ensina e o aluno decora para as provas.
Para superar os desafios dessa transição, as iniciativas contam com a coragem de educadores, pais e da comunidade, que dão ao educando o poder para construção das regras e fazer da escola o primeiro ambiente democrático no qual ele está inserido. Nesse local, todos ensinam e aprendem a colaborar, acolher o outro, ganhar força de expressão, a conviver com harmonia e respeito.
Neste novo contexto, a escola e o mundo aparecem integrados e passam a ser percebidos como espaços de aprender e brincar, o que acontece de forma simultânea, contínua, orgânica e mais prazerosa, desenvolvendo não só o aluno e o professor, mas a sociedade ao seu redor.
Os envolvidos nesses projetos estão construindo relações mais equilibradas, proporcionando aprendizagem significativa para cada um, permitindo a expressão individual em prol do grupo. Como resultado, vem satisfação, felicidade – e estudantes muito bem articulados, que podem ser vistos nos depoimentos captados.
Em “Quando sinto que já sei”, fica claro que podemos fazer da escola um ambiente muito mais prazeroso. Basta entender e respeitar a criança como um ser humano pronto, que precisa tornar-se consciente de suas potencialidades. Aos adultos, cabe oferecer tempo, paciência, suporte para esse caminho evolutivo e um tanto de coragem para revolucionar a educação.