Esse personagem chegou em Carlotas em 2018, conheça o conto aqui. E abaixo uma nova versão da história do Souza, escrito pela Adailza Barbosa.
Pelos corredores da escola, sempre se ouve um sussurro: “Lá vem a turma do Souza”. Eles são os mais conhecidos, sempre de risadinhas e conversando com todo mundo. Adoram inventar brincadeiras e piadas, mas às vezes exageram um pouquinho e acabam magoando alguém.
Todo dia, o Souza escolhe alguém para focar, como se fosse uma espécie de detetive de pequenos detalhes. Ele é um menino cheio de energia, sempre querendo ser o centro das atenções.
Certo dia, cismou com o Daniel. Uma hora era porque sua mochila estava ao lado da cadeira, outra hora era porque estava fazendo barulho com seus lápis na mesa, em outros momentos porque estava quieto demais…Qualquer coisinha fora do comum parece incomodar o Souza.
Ele quer ser engraçado, quer ser popular, mas às vezes “perde a noção” nas brincadeiras, como se não pudesse deixar de notar e comentar sobre as características únicas de cada pessoa que cruzava seu caminho.
Então, assim é a rotina: o dia começa, o dia termina e o Souza vem com suas brincadeiras e piadas que só na cabeça dele faz sentido. Brincadeiras que às vezes mexem com o jeito de ser, com a forma de se vestir, andar e olhar de cada um.
Todas essas atitudes deixam alguns colegas desconfortáveis, mas de vez em quando acontece uma risada coletiva e sempre termina em alguém intimidado. Mesmo percebendo o desconforto dos colegas, era quase inevitável para Souza. Ele sentia que ao trazer um comentário em tom de “brincadeira” faria quase todo mundo rir, e assim, quem sabe, não perceberiam os detalhes nele mesmo. Era como uma nuvem que crescia, crescia, e o Souza não percebia. Ele tinha consciência de que havia um limite, mas não conseguia controlar. Seus colegas até riam juntos, mas no fundo, cada um sabe onde dói.
Por trás das brincadeiras e risadinhas, às vezes tem uma coisa não tão legal. Algumas pessoas se sentem tristes, envergonhadas, porque suas diferenças são alvo de brincadeira, e mesmo que finjam que está tudo bem, por dentro, fica uma ferida.
O que é um pouco triste é que, mesmo que essas brincadeiras não sejam para machucar, alguns colegas da turma do Souza começam a imitar o jeito dele e acabam exagerando e perdendo a medida.
A professora Jandira percebeu o que estava acontecendo, mas como nem mesmo os professores conseguem resolver tudo sozinhos, ela não teve dúvida: essa era uma missão a ser resolvida pela turma toda!
Lembrando de um dos combinados do Mundo de Carlotas, Jandira lançou um tema muito importante: “vamos falar sobre a diferença entre risada e risadinhas!” “Risadas sim, Risadinhas não”.
Eles sabiam do que ela estava falando: explicaram que rir juntos é ótimo, mas rir do outro nunca é legal. Após essa conversa, a professora e a turma perceberam que esse combinado tinha TUDO a ver com 3 palavrinhas que eles estavam pesquisando:
- Respeito: Todos concordaram em respeitar os limites e as sensibilidades individuais de cada pessoa. Eles entenderam que o que pode ser uma brincadeira leve para um colega, pode ser doloroso para outro.
- Empatia: Decidiram se comprometer a se colocar no lugar do outro antes de fazer uma piada ou uma brincadeira, considerando como o outro se sentiria diante da situação.
- Comunicação: Foi acordado que, se alguém se sentisse desconfortável com uma brincadeira ou piada, seria encorajado a expressar seus sentimentos de forma calma e respeitosa, para que todos pudessem aprender e crescer juntos.
Depois dessa conversa, Souza e alguns colegas ainda continuam piadistas e adoram dar risadas, mas agora, já sabem a hora de parar, respeitar e quais atitudes tomar. Como ser piadista ainda é importante para Souza, ele anda pesquisando piadas que não coloquem ninguém em foco além dele mesmo! Afinal, ele gosta de chamar atenção.
Gostou do texto Souza, o menino que adora contar piadas?
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