Desde que nasceu, ainda bebê de alguns dias, Tina conhecia os bastidores do grande teatro. Sua mãe, por não ter onde deixá-la durante o dia, a carregava consigo para todos ensaios e a deixava numa cestinha lá no canto dos camarins. Conforme foi crescendo seu bercinho foi aumentando e lá ficava ela o dia todo. Às vezes a olhar para o palco, às vezes distraída com alguém que parou ali para lhe dar um beijo.
Sua mãe era atriz há décadas e estava sempre perto do espetáculo, então lá ela cresceu e passou a correr pelo teatro todo. Virou a mascote de todos atores e atrizes que ensaiavam suas peças, pessoal da iluminação a enchia de guloseimas e carinhos, os cenógrafos permitiam que ela brincasse com os cenários, até a diretora, que era meio carrancuda, fazia um carinho nos seus lindos cabelos crespos, quando a via. A figurinista a deixava vestir as roupas das peças e as camareiras emprestavam-lhe lindos chapéus.
Ficava triste quando sua mãe a chamava para irem embora. Ela queria ficar ali o tempo todo! Apesar disso, a Tina é uma aluna exemplar. Sempre com notão no boletim e disposta a ajudar todo mundo que precisa de uma forcinha antes da prova. A Tina é muito esperta e inteligente, era a primeira aluna da classe e a estrela da peça de teatro da escola – claro!
O tempo passou e, como era de se esperar, ela estudou teatro e se tornou uma atriz. Ainda começando sua carreira, tremia cada vez que subia ao palco, mas, diziam as mais experientes que o frio na barriga é bom sinal: sinal de respeito ao público, sinal que dará o seu máximo naquele momento.
Dona Ester, sua mãe, sente muito orgulho da filha. Quando cansada, sentada nas últimas fileiras do teatro, assiste a filha se apresentar, sabe, lá no fundo de sua alma, que ela tem muito responsabilidade sobre isso. Ela ensinou sua filha a amar e honrar o teatro desde pequena.