Os movimentos no que tange a inclusão social ficaram mais fortes a partir da década de 1990, sendo necessário refletir principalmente sobre a questão do fantasma que ainda assombra esta área chamado preconceito, este fantasma não necessariamente acaba sendo um obstáculo, mas sim um ponto chave para refletir sobre determinados conceitos que englobam a inclusão.
No momento que se transita pelo conceito de inclusão, automaticamente se discorre sobre integração, são conceitos que se divergem quando se fala na inclusão eficaz de indivíduos com necessidade especificas. Integração seria o momento em que um indivíduo com alguma necessidade específica precisa se adaptar ao meio que está tentando se inserir e no momento que este meio já é modificado para todos sem a necessidade de adaptação é quando de fato este ambiente é inclusivo, por exemplo uma escola que já é inclusiva se modifica para que todos aprendam juntos.
O processo de integração por meados traduz-se de forma parcial, pois na maioria das vezes os espaços fazem atuações segmentadas de forma a ir adaptando a colocação do sujeito naquele espaço que alcance os objetivos da normalização. (Mantoan, 2003, P. 114). Integrar muitas vezes vai depender da própria capacidade do sujeito, se tratando de uma alternativa em que tudo se mantém, nada se questiona do esquema em vigor. (Mantoan, 2004, P. 1).
Quando se pensa em inclusão se parte do princípio que seja algo para todos, onde todos tenham o alcance de seus objetivos com inúmeras possibilidades que se encaixem perante suas necessidades específicas, inclusão se encontra com o princípio de equidade, tudo muda, todos mudam, de forma a crescer juntos, quando o ambiente é múltiplo e rico em diversidade, todos acabam desenvolvendo suas potencialidades.
Voltando ao termo preconceito, conforme a pesquisa de Crochík (2004) o preconceito não tem relação direta e imediata com a pessoa que sofre o preconceito, mas sim, com os sentimentos que se manifestam com quem não consegue segurar seu ódio, dirigindo-se para grupos sociais que o mesmo considera inferior, de forma preconceituosa, muitas vezes até com indiferença sendo que a indiferença muitas vezes é responsável por determinados processos inclusivos não acontecerem, ou seja me preocupo até onde minhas necessidades irão, girando em torno do egoísmo próprio.
Cabe uma pequena reflexão que se convive diariamente nas mídias sociais a seguinte concepção ‘seja você mesmo’ é repetida incessantemente. Mas se só somos por meio dos outros, das construções socias isso não significa negar quem se é? talvez isso gere um não reconhecimento de sentidos e da própria identidade na qual se deseja assumir. O indivíduo que ainda tentar nutrir esperanças neste meio social, acaba que por trair os princípios de uma sociedade que explora, neste sentido a inclusão, deve continuar a ser defendida, acaba encontrando seus limites.
Todos estão a margem de algum espaço que não são incluídos, mas cabe salientar se esta sociedade é de todos, se há reconhecimento nela, ou se apenas existe a tentativa de espelhamento de imagens, a tentativa de se encontrar. Entretanto vivemos nesta dúvida, estabelecer a experiência por negar a certeza do preconceito.
Referências: Mantoan, Maria Tereza E. Ser ou estar: eis a questão. Explicando o déficit intelectual. Rio de Janeiro, WVA, 1997. Crochík, J.L. Atitudes a respeito da educação inclusiva. Movimento. Niterói: , v.1, p.19 – 38, 2003. Crochík, J.L. Preconceito e formação In: Valores, Preconceito e Práticas Educativas.1 ed.São Paulo : Editora Casa do Psicólogo, 2005, v.1, p. 17-47.
Ilustração da capa: Vanessa Zorzanello via Behance.